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Tribunal condena Saddam Hussein à morte
Defesa pode recorrer de sentença, que põe fim a quase 13 meses de julgamento tumultuado; execução, na forca, não foi marcada
Ditador que governou o Iraque entre 1979 e 2003
foi considerado culpado
do massacre de 148 xiitas no povoado de Dujail em 1982
Faleh Kheiber-31.jan.200/Reuters
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Saddam dispara para o ar em celebração; em 24 anos poder, ex-ditador reprimiu xiitas e curdos |
DA REDAÇÃO
Um ano e 15 dias após o início
de seu julgamento pela morte
de 148 xiitas em 1982, o ex-ditador Saddam Hussein, 69, foi
condenado ontem à forca pelo
tribunal iraquiano que julga os
crimes cometidos por seu regime nos 24 anos que esteve no
poder. A sentença se refere à
ordem do então ditador para
matar homens e adolescentes
no povoado xiita de Dujail, onde ele sofrera uma tentativa de
assassinato. A defesa deve recorrer (leia texto abaixo).
"Vida longa ao povo! Vida
longa à nação árabe! Morte a
nossos inimigos", bradou Saddam ao ouvir a sentença lida
pelo juiz-chefe, Raouf Rasheed
Abdul Rahman, que tentou inutilmente acalmá-lo antes de
mandar retirá-lo da corte, na
Zona Verde, em Bagdá. "Abaixo
os espiões", continuou, dedo
em riste. "Deus é grande."
Durante o longo julgamento,
dezenas de testemunhas depuseram sobre execuções sumárias e também sobre a prisão e
tortura de famílias inteiras,
além da expulsão dos xiitas de
suas casas -crimes pelos quais
o ex-ditador recebeu penas que
somam 27 anos de prisão.
Com Saddam foram condenados à morte seu meio-irmão
Barzam Ibrahim al Tikriti, chefe da polícia secreta do regime,
e Awad al Bandar, que dirigia o
tribunal revolucionário, incumbido de emitir as sentenças. Taha Yassin Ramadan, vice-presidente sob Saddam, recebeu prisão perpétua, e três
dirigentes locais do partido
Baath à época, 15 anos de prisão. Um quarto foi absolvido
por falta de provas.
Paralelamente, Saddam é julgado desde agosto pela morte
de dezenas de milhares de curdos nos anos 80, e a acusação
reúne provas sobre outros sete
crimes (veja quadro ao lado).
Julgamento conturbado
A sentença, anunciada pela
junta de cinco juízes responsável pelo tribunal, põe fim a um
julgamento que se arrastou por
quase 13 meses e foi marcado
pelo assassinato de três advogados de defesa, a troca do juiz-chefe, sucessivos adiamentos e
interrupções e, sobretudo, uma
intensa cobertura da mídia
-que repetiu à exaustão desde
as imagens do ex-ditador abatido e sujo após ser encontrado
num buraco por soldados dos
EUA em dezembro de 2003 até
as do Saddam desafiador discutindo com juízes no tribunal.
Mas não está claro, ainda, se a
execução do homem acusado
de massacrar centenas de milhares -se levada a cabo- será
pública ou poderá ser filmada.
Como era de se esperar eclodiram manifestações de júbilo
em áreas predominantemente
xiitas em Bagdá e no sul do país,
e protestos em regiões dominadas pelos sunitas, no centro e
norte do Iraque. Em Dujail, 50
km ao norte de Bagdá, a população foi às ruas celebrar e queimar imagens do ex-ditador.
Facção minoritária no islamismo mas majoritária no Iraque, onde perfazem cerca de
60% da população, os xiitas foram duramente reprimidos por
Saddam, um sunita. Os iraquianos de etnia curda, 15% do país,
também foram alvo da mão de
ferro do ex-ditador -embora
tenham gozado de relativa autonomia nos últimos anos.
"Este é um veredicto contra
toda uma era de sombras sem
igual na história do Iraque", declarou o premiê iraquiano, Nuri
al Maliki. Com o país mergulhado na violência sectária, Maliki, um xiita, ainda afirmou que
espera que a sentença "desestimule a insurgência sunita".
Já o chefe da defesa, Khalil al
Dulaimi, disse que Saddam pede aos iraquianos que abandonem a violência sectária e não
se vinguem dos americanos:
"Sua mensagem é de perdão".
Com agências internacionais e "Independent"
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