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Polícia venezuelana detém 35 estudantes em protesto
Ato em San Cristóbal contra mudança na Constituição deixou ainda 52 feridos; para ex-ministro da Defesa, a reforma é "golpe"
DA REDAÇÃO
Um dia depois que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou protestos estudantis e pediu maior rigor na autorização para manifestações da
oposição, um ato em San Cristóbal terminou com 35 estudantes presos e 52 feridos ontem, segundo a agência de notícias France Presse. Os estudantes de universidades privadas
protestavam contra as propostas de mudanças na Constituição venezuelana quando foram
reprimidos com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo pela polícia.
O número de detidos foi indicado pelo líder estudantil Jon
Goicoechea ao canal de TV Globovisión. Nas duas últimas semanas, grêmios de estudantes
universitários convocaram manifestações nas ruas de Caracas
para exigir que seja adiada a
realização do referendo sobre a
reforma constitucional, agendado para 2 de dezembro. Houve confrontos com a polícia.
Ontem, o movimento estudantil confirmou que realizará
novo protesto amanhã, com
marcha até o Supremo Tribunal de Justiça em Caracas.
As mudanças na Carta venezuelana, que incluem a permissão da reeleição indefinida para
presidente, foram enviadas por
Chávez à Assembléia Nacional,
que acrescentou alterações e
aprovou o texto.
Além de San Cristóbal, Caracas, Mérida, Maracay e Barquisimeto também foram palco de
marchas estudantis ontem.
Mas os estudantes não foram
os únicos a manifestarem oposição à reforma chavista: o ex-ministro da Defesa da Venezuela e general da reserva Raul
Isaías Baduel, até julho passado
um aliado do governo Hugo
Chávez, convocou ontem uma
entrevista coletiva para chamar
a população a votar contra a reforma constitucional. Baduel
classificou a reforma como um
"golpe de Estado".
"Manifesto publicamente
meu rechaço a esta reforma [...]
Os cidadãos devem usar o voto
no referendo, que é a arma que
temos para evitar essa fraude",
disse o ex-ministro. Segundo
ele, o projeto "consumará a
prática de um golpe de Estado,
violando de maneira descarada
a Constituição".
Baduel não é o primeiro aliado de peso a romper com Chávez, mas há poucos dissidentes
da estatura do general da reserva. Com 52 anos, o militar foi
um dos artífices da permanência de Chávez no poder, após a
tentativa de golpe em 2002,
mas, considerado moderado,
vinha se afastando do governo.
Foi ministro da Defesa até 7
de julho, quando foi substituído e passado à reserva. No discurso de despedida, defendeu a
divisão de poderes, fez críticas
ao modelo comunista soviético
e cobrou que Chávez explique o
é o "socialismo do século 21".
Baduel afirmou ainda que a
reforma constitucional "dá ao
Executivo poderes que o tornam incontrolável pelos demais Poderes da nação" e disse
que não pode ser chamado de
traidor porque criticava privadamente o governo quando
ainda fazia parte dele.
Embora tenha negado falar
em nome da Força Armada Nacional (FAN), afirmou que "não
há aceitação total" do lema "Pátria, Socialismo e Morte" de
Chávez para os militares e pediu que os oficiais "fiquem
atentos" às mudanças na Carta.
"É possível perceber que no coração de nossa instituição
[FAN] não há completa aceitação de tudo que lhe é imposto."
O vice-presidente, Jorge Rodríguez, afirmou que o militar é
um "traidor" e que ecoa as críticas da oposição, mas defendeu
seu direito de atuar na política.
Com agências internacionais
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