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Obama avançou sobre eleitorado conservador
Descontentamento com os rumos do país sob a administração Bush foi decisivo na opção pelo candidato vitorioso
Desempenho de democrata
entre mulheres, negros e jovens é melhor que o de
seu partido nas últimas
oito eleições presidenciais
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Mulheres, negros, hispânicos
e jovens das grandes cidades foram os principais responsáveis
pela vitória acachapante de Barack Obama. Já os eleitores
brancos, religiosos, mais velhos
e residentes no campo ou em
cidades menores constituíram
a principal trincheira do candidato derrotado, John McCain.
A divisão do eleitorado norte-americano na terça guarda
as mesmas características do
pleito de 2004, quando George
W. Bush derrotou o democrata
John Kerry com uma diferença
de 3,5 milhões de votos.
Desta vez, porém, Obama
conseguiu atrair para o seu
campo grandes parcelas de
eleitores das frentes normalmente mais conservadoras,
além de ter ampliado seu alcance no geral. Ele se saiu melhor
do que outros democratas nas
oito últimas eleições entre mulheres, negros, jovens, independentes e moderados.
Para isso, foi absolutamente
decisivo o descontentamento
extravasado pelos eleitores
com os rumos dos EUA sob o
comando de Bush nos últimos
oito anos. Cerca de 75% deles
votaram na terça acreditando
que o país caminha na direção
errada. Desse total, 62% afirmaram ter votado em Obama.
O descontentamento com os
rumos do país também foi
apontado por muitos eleitores
novos ou que normalmente
não votam (o voto é facultativo
nos EUA) como o principal fator que os motivou a ir às urnas.
No total, 153,1 milhões de eleitores votaram, ou 66% do total,
um recorde.
As motivações e divisões do
eleitorado aparecem como resultado de pesquisa de boca-de-urna realizada em nível nacional na terça entre 17.834
eleitores a partir de um pool de
empresas de comunicação -e
conduzida pelo instituto de
pesquisas Edison-Mitofsky.
Entre todos os grupos pesquisados, foram os negros os
que mais votaram em massa
em Obama. Ele recebeu 95%
dos votos deles, que representam cerca de 13% de todo o eleitorado do país. Nas eleições de
2004, John Kerry atraiu 88%
dos votos dos negros, tradicionalmente simpatizantes do
Partido Democrata.
No lado de McCain, o grupo
que mais apoiou o senador foram os protestantes/evangélicos brancos, que representam
23% do eleitorado: 73% deles
votaram no republicano.
Outro segmento que votou
em peso em Obama foi o dos
eleitores mais jovens, principalmente os com idade entre 18
e 29 anos. Obama teve o apoio
de 66% entre eles (12 pontos
percentuais a mais do que
Kerry em 2004), contra 31%
para McCain. Nesta divisão por
faixa etária, o republicano só levou vantagem entre o eleitorado acima de 65 anos, onde conquistou o apoio de 53% (contra
45% para Obama).
A vitória de Obama por larga
margem ocorreu principalmente porque houve um significativo aumento do apoio de
grupos de eleitores que já tendem normalmente a votar com
os democratas.
Caso dos hispânicos: 66% deles votaram desta vez com Obama. Em 2004, o democrata
Kerry também teve a maioria
desse grupo, mas ela atingiu
apenas 53%. Uma das preocupações da campanha do presidente eleito era ele não conseguir atrair os votos hispânicos
que apoiaram em massa, durante as primárias, a senadora
Hillary Clinton.
No pleito de 2004, o presidente Bush também saiu orgulhoso da votação por ter amealhado 44% dos votos hispânicos. Mas suas políticas de imigração ao longo do mandato
minaram consideravelmente
essa base de apoio.
Já entre os eleitores brancos,
Obama teve o apoio de 43% do
total. O percentual não difere
muito do que os democratas
Kerry, Al Gore e Bill Clinton tiveram, respectivamente, em
2004, 2000 e 1996.
Entre os brancos mais educados, no entanto, Obama praticamente empatou com John
McCain, sendo que essa parcela
deu uma vantagem de 11 pontos
para Bush em 2004.
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