São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Posse será comovente, diz Bush

Presidente promete cooperar com Obama e consultá-lo sobre medidas a respeito da crise econômica

A 75 dias de deixar Casa Branca, republicano mudou regra para dar mais poder a FBI e planeja diminuir exigências ambientais


FABIANO MAISONNAVE
EM BOSTON (EUA)

A 75 dias de deixar o cargo que assumiu há quase oito anos, o presidente George W. Bush disse ontem que os EUA "fizeram história" ao eleger seu adversário político Barack Obama e prometeu "completa cooperação" com seu sucessor.
"Não importa como depositaram seu voto, todos os americanos podem estar orgulhosos de que fizeram história ontem [anteontem]", disse Bush nos jardins da Casa Branca, em suas primeiras declarações após a vitória de Obama.
Bush afirmou que a eleição do primeiro presidente negro do país demonstra o "triunfo da história americana". "Este momento é especialmente encorajador para uma geração de americanos que testemunharam a luta pelos direitos civis com seus próprios olhos -e quatro décadas mais tarde vêem o seu sonho realizado."
Bush afirmou que a transmissão do cargo a Obama será uma "visão comovente": "Sei que milhões de americanos se encherão de orgulho neste momento inspirador que tantos esperaram por tanto tempo".
Autodenominado "presidente da guerra", Bush disse também que seu governo não baixará a guarda nas 11 semanas que faltam até a posse do próximo presidente, em 20 de janeiro. "O governo norte-americano continuará vigilante em cumprir sua mais importante responsabilidade: proteger o povo americano."
Sobre a transição, o impopular presidente republicano prometeu "continuar a lidar com os assuntos públicos enquanto o escritório permanecer sob minha confiança" e assegurou que Obama será "totalmente informado sobre as decisões importantes".
Em linha semelhante à de Bush, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse que "uma das grandes coisas de representar este país é que ele continua surpreendendo. Ele continua se renovando, contra todas as probabilidades e expectativas".
A funcionária negra mais importante do governo Bush -chegou a ser cogitada como provável candidata presidencial republicana- também prometeu colaborar com Obama no período de transição. A Casa Branca divulgou ontem os nomes da equipe responsável.

Transição
Se Bush mantiver a promessa de consultar seu sucessor, falará com Obama várias vezes nos próximos dias. Num momento em que o futuro e o tamanho da crise econômica ainda são incertos, o republicano terá uma intensa agenda até o final do mandato.
Daqui a nove dias, o presidente americano receberá em Washington colegas de 20 países, entre os quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a crise econômica. A expectativa dos diferentes governos é de que a reunião consiga ao menos definir linhas gerais para uma ação coordenada.
Em editorial publicado anteontem, o jornal "New York Times" diz que Bush acaba de tomar decisões ou está promovendo mudanças em várias áreas, como direitos civis, meio ambiente, reforma tributária e novas restrições ao aborto.
O "Times" lembra que o secretário de Justiça dos EUA, Michael Mukasey, preparou no mês passado novas orientações que permitem a agentes do FBI lançar mão de recursos intrusivos para obter informações mesmo contra cidadãos americanos contra os quais não há suspeitas de irregularidades.
Outro exemplo mencionado pelo jornal é a decisão a ser tomada nos próximos dias pela Agência de Proteção do Meio Ambiente sobre uma nova legislação que diminuiria as exigências de empresas geradoras de eletricidade para diminuir a emissão de poluentes em caso de reformas para aumentar a produção de energia.


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