São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

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Diplomacia redime Hillary Clinton com público nos EUA

Ex-primeira-dama, ex-senadora e hoje secretária de Estado, ela tem aprovação de 63%, acima dos demais políticos no país

DE WASHINGTON

Ela perdeu a candidatura à Presidência, teve o adultério do marido exposto ao mundo e construiu fama de má perdedora. Mas após anos tendo de ceder o palco a homens cujo carisma encobria o seu, Hillary Clinton achou redenção na diplomacia.
Hoje, a ex-primeira-dama, ex-senadora e secretária de Estado é a figura política mais popular dos EUA.
Uma recente pesquisa da Bloomberg mostrou-a com aprovação de 63%, acima de qualquer outro político no país. Outro levantamento, para a revista "Time", indica que ela derrotaria facilmente o candidato republicano em 2012, fosse quem fosse.
Nos dois casos, Hillary leva grande vantagem sobre o presidente Barack Obama, que a derrotou nas primárias partidárias democratas, em 2008, e depois a convidou para ser sua chanceler.
A própria impopularidade de Obama -cuja taxa de aprovação flutua perto dos 40%- catapulta Hillary.
"Parte do seu apelo é justamente o fato de ela não ser Obama", escreveu à Bloomberg a responsável pelo levantamento, J. Ann Selzer.
"Ela, como secretária de Estado, não precisa tomar decisões impopulares", avalia David Sanger, correspondente-chefe do "New York Times" em Washington e professor da Harvard Kennedy School.
"Como a maioria dos americanos não tende a focar política externa, o tema fica menos controverso."
O Departamento de Estado também costuma trazer mais popularidade do que a Casa Branca por estar quase sempre blindado do debate político doméstico, mais propenso à discórdia. Assim foi, por exemplo, com Condoleezza Rice e George W. Bush.
Mas, no caso de Hillary, há o peso extra do remorso entre parte do eleitorado. Na pesquisa da Bloomberg, um terço dos eleitores diz que o país estaria melhor caso fosse ela a a presidente. Só 13% afirmam que estaria pior.

FORMIGA
Hillary não tem o tipo de personalidade magnética que atrai, por si só, as atenções em uma sala. Tampouco é uma grande estrategista, com visões inovadoras.
Mas há uma percepção dominante de que ela trabalha exaustivamente e obtém bons resultados. Exemplo é a derrubada do regime líbio sem soldados americanos em campo, celebrada nos Estados Unidos como sucesso.
A "Time" lhe dedicou a capa, na semana passada, com um elogioso perfil que a retrata como "resolvedora de problemas". O "Washington Post" publicou depois texto sobre sua performance.
"Ela é boa em construir alianças, mas não é um [Henry] Kissinger (1973-77), que arquiteta estratégias abrangentes", disse Sanger à Folha. "E tem 'star power' no exterior."
Ademais, segue Sanger, prevalece a ideia de que Hillary "puxou o governo Obama ao centro". Reflexo disso é sua boa performance entre o eleitorado republicano.
A pergunta que ninguém responde é o que a secretária de Estado fará com o capital político que acumulou.
Ela nega que possa desafiar Obama pela candidatura democrata em 2012 e insiste que não lhe interessa tentar o posto em 2016, aos 69 anos. Outra hipótese -que também refuta- é a vice-presidência.
Em entrevista à rede de TV NBC, Hillary disse ser "muito privilegiada" pela oportunidade de servir seu país.
"Sou antiquada. Sinto que já dei minha contribuição, da melhor forma que pude. Agora quero outras coisas -voltar a escrever, talvez dar aulas; trabalhar com mulheres e meninas pelo mundo." (LUCIANA COELHO)


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