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RÚSSIA
Ataque suicida contra trem de passageiros ocorre a dois dias de eleições parlamentares; governo acusa separatistas
Atentado perto da Tchetchênia mata 42
DA REDAÇÃO
Uma poderosa explosão atingiu
ontem de manhã um trem de passageiros perto da divisa russa com
a Tchetchênia, matando ao menos 42 pessoas e deixando outras
dezenas feridas. O presidente Vladimir Putin disse que o ataque
terrorista é "uma tentativa de desestabilizar o país às vésperas das
eleições parlamentares", marcadas para amanhã.
Segundo o governo russo, um
corpo mutilado estava com granadas amarradas às pernas, numa
indicação de que se tratou de um
ataque suicida.
O chefe do Serviço de Segurança, Nikolai Patrushev, disse que
três mulheres estavam envolvidas
no ataque -duas pularam do
trem pouco antes da explosão, e a
outra está gravemente ferida.
A força da explosão -o segundo ataque desse tipo na mesma linha neste semestre- arremessou
vários passageiros para fora do
trem e deixou outros presos em
meio ao metal retorcido.
O ataque ocorreu por volta das
8h locais, quando o trem ficava
normalmente cheio de estudantes. O trem se aproximava da estação de Yessentuki, a cerca de 1.200
km ao sul de Moscou.
Especialistas em explosivos localizaram e detonaram outros
três artefatos nos destroços, informou uma TV russa.
O Ministério da Saúde informou que houve 42 mortes, das
quais 34 ocorreram no local da
explosão. Outras 148 pessoas foram internadas em hospitais da
região; 29 passageiros tiveram
apenas ferimentos leves.
"Nós encontraremos os autores", disse o ministro do Interior,
Boris Gryzlov, que também lidera
o maior partido governista. "A
terra queimará sob seus pés."
O ministro da Justiça, Yuri
Chaika, disse que o ataque de ontem tem a marca de "terroristas
tchetchenos".
Representantes de Aslan Maskhadov, líder rebelde e ex-presidente da Tchetchênia, negaram
envolvimento no caso, em nota
distribuída à imprensa.
"Repetimos que o governo
tchetcheno é guiado pelos princípios da lei humanitária internacional", diz a nota. "Portanto,
condenamos quaisquer atos de
violência que atinjam direta ou
indiretamente a população civil
em qualquer parte do mundo."
Eleições
Pesquisas apontam que os aliados de Putin devem receber a
maioria dos votos nas eleições
parlamentares de amanhã. Alguns analistas acreditam que as
acusações contra rebeldes tchetchenos possam aumentar o apoio
a Putin. No entanto, para o analista Mark Urnov, do instituto Ekspertiza, o ataque de ontem terá
impacto mínimo.
"Não creio que o atentado produza algum efeito. Os russos simplesmente preferem não pensar
na Tchetchênia: foi apenas mais
uma tragédia."
O presidente russo tem adotado
uma linha dura contra os separatistas tchetchenos. Em 1999,
quando era primeiro-ministro,
ele enviou tropas de volta à região
com o objetivo de ocupá-la. Desde então, a violência tem recrudescido.
O presidente russo já chegou a
dizer que os guerrilheiros tchetchenos têm ligação com a rede
terrorista Al Qaeda, de Osama bin
Laden, mas essa afirmação nunca
foi comprovada.
Putin, que tentará a reeleição
em março, tem insistido na restauração de um firme poder central desde que assumiu a Presidência, em 2000.
Também faz parte de sua estratégia eleitoral uma cruzada contra
os "oligarcas", empresários russos que enriqueceram nos anos
90, após o fim da União Soviética.
Sequência
Nos últimos 12 meses, ataques
terroristas na região da Tchetchênia e em Moscou deixaram mais
de 250 mortos.
Em setembro, seis pessoas foram mortas quando duas bombas
explodiram num trem que fazia a
mesma linha onde ocorreu o ataque de ontem.
Em dezembro do ano passado,
um carro-bomba destruiu o quartel-general do governo tchetcheno, apoiado por Moscou. Morreram 72 pessoas nessa ação.
Em maio, mais dois violentos
ataques mataram ao menos 78
pessoas na região. Em Moscou
um atentado durante um concerto de rock matou 15 pessoas em
julho.
Com agências internacionais
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