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Irã foi vingado por relatório dos EUA, afirma El Baradei
Documento americano disse que Teerã parou projeto de obtenção de bomba
Em visita ao Brasil, chefe da AIEA vê espaço maior para a diplomacia, mas diz que
país islâmico ainda deve esclarecimentos ao mundo
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor-geral da AIEA
(Agência Internacional de
Energia Atômica, da ONU),
Mohamed El Baradei, afirmou
ontem que o Irã foi "de certa
forma vingado" quando relatório da inteligência dos EUA, divulgado na segunda-feira, indicou que Teerã suspendeu em
2003 seu projeto de produzir
uma bomba nuclear.
As datas e conclusões proporcionaram "alívio", segundo
El Baradei, mas não permitem
dizer que o mundo está fora de
perigo. Para o egípcio, que está
no Brasil, ainda é necessária
maior cooperação de Teerã
com a agência.
"São boas notícias, (...) removem o senso de urgência de que
algumas pessoas falam, mas
ainda não estamos fora de perigo, ainda há trabalho que precisa ser feito", afirmou El Baradei. Segundo ele, o trabalho da
AIEA com o Irã chegará a bom
termo quando "pudermos dar
garantias à comunidade internacional de que todas as atividades nucleares no Irã foram
declaradas à agência e têm exclusivamente fins pacíficos".
El Baradei acrescentou: "Não
vejo o Irã como uma ameaça
iminente, algo que deva nos
afastar do processo de negociação. Acho francamente que esse relatório é uma janela de
oportunidade, porque dá uma
nova chance à diplomacia".
Nova visita
Na próxima semana, uma
equipe de técnicos da AIEA visitará Teerã, onde perguntarão
sobre atividades nucleares em
uma universidade e tentarão
esclarecer suspeitas sobre contaminação radioativa.
Ontem, El Baradei defendeu
a adesão do Irã ao Protocolo
Adicional do TNP (Tratado de
Não-Proliferação Nuclear).
Esse protocolo permite à
agência controle maior sobre as
atividades nucleares no país. O
texto também exige o fornecimento de informações estratégicas pelo governo e proíbe a
aquisição de alguns itens de alta tecnologia, que também são
utilizados em bombas atômicas. O Brasil é signatário do
TNP, mas tem resistências ao
protocolo.
Em viagem pela América Latina, o diretor-geral da AIEA
passou o dia ontem em Brasília,
onde encontrou o chanceler
Celso Amorim, o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e outras autoridades. Hoje ele visita instalações nucleares em Resende (RJ).
A avaliação do programa nuclear iraniano vinha provocando atritos entre El Baradei e o
presidente dos EUA, George
W. Bush. El Baradei vem insistindo na diplomacia como melhor forma de reduzir a ameaça
de que o Irã use seu programa
de enriquecimento de urânio
para a produção de bombas. A
Casa Branca de Bush exige que
Teerã suspenda o programam,
e classificou o regime islâmico
no "eixo do mal".
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