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Teerã reitera programa para enriquecer urânio
Ahmadinejad comemora relatório dos EUA e diz que serão necessárias 50 mil centrífugas para alimentar uma usina de energia
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George W. Bush, apelou ontem para
que o Irã "esclareça" a comunidade internacional sobre seus
planos nucleares e suspenda o
enriquecimento de urânio, caso não queira caminhar para o
isolamento.
Ao mesmo tempo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou que o
programa não será suspenso.
Ele disse que o país terá de passar das atuais 3.000 para 50 mil
centrífugas a fim de produzir o
urânio enriquecido "necessário
para abastecer apenas uma usina de energia".
As duas declarações refletem
o diálogo de surdos iniciado na
segunda-feira, quando os serviços de inteligência dos Estados
Unidos divulgaram um relatório segundo o qual o Irã suspendeu em 2003 seu projeto sigiloso para a construção da bomba
atômica -contrariando documento anterior dos mesmos
serviços, segundo o qual o país
do Oriente Médio estaria muito
mais próximo de obter armas
nucleares.
Mas Bush afirma que o relatório levou o Reino Unido, a
França e a Rússia -membros
permanentes do Conselho de
Segurança da ONU, junto com
China e os próprios EUA- a
compreenderem que a questão
iraniana ainda permanece problemática.
Ahmadinejad afirmou não
temer essas resoluções e comemorou o relatório americano
por ter deixado Washington
"com as mãos vazias".
"Hoje, a nação iraniana é vitoriosa. Mas vocês [os EUA] estão de mãos abanando", disse o
presidente do Irã.
Ao citar os países preocupados, Bush não citou a China. O
ministro das Relações Exteriores chinês, Yang Jiechi, estava
ontem em Londres, onde discordou de David Miliband, seu
colega britânico, a respeito de
novas sanções contra o Irã.
Em Nova York, o embaixador
francês na ONU, Jean-Maurice
Ripert, afirmou existir "um
consenso crescente" entre os
membros permanentes do
Conselho de Segurança, que
discutem um projeto de resolução contra o regime islâmico.
Mais difícil
A Reuters cita, no entanto,
um diplomata próximo ao conselho, para o qual o relatório da
inteligência americana tornou
"muito mais difícil" a votação
de novas punições.
"Precisamos levar em consideração muitos fatores antes
de redigir uma resolução, entre
eles o documento americano
segundo o qual o Irã não possui
agora um programa nuclear
voltado para fins militares",
disse o chanceler russo.
A chefe da diplomacia israelense, Tzipi Livni, afirmou que
o Irã deve ser objeto de "sanções mais duras" em razão de
seu programa de enriquecimento de urânio.
O Tratado de Não-Proliferação Nuclear -do qual o Irã é
signatário e Israel não é- permite o enriquecimento de urânio, desde que os países-membros autorizem a inspeção
completa de suas instalações
nucleares.
Com agências internacionais
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