São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Teerã reitera programa para enriquecer urânio

Ahmadinejad comemora relatório dos EUA e diz que serão necessárias 50 mil centrífugas para alimentar uma usina de energia

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, apelou ontem para que o Irã "esclareça" a comunidade internacional sobre seus planos nucleares e suspenda o enriquecimento de urânio, caso não queira caminhar para o isolamento.
Ao mesmo tempo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou que o programa não será suspenso. Ele disse que o país terá de passar das atuais 3.000 para 50 mil centrífugas a fim de produzir o urânio enriquecido "necessário para abastecer apenas uma usina de energia".
As duas declarações refletem o diálogo de surdos iniciado na segunda-feira, quando os serviços de inteligência dos Estados Unidos divulgaram um relatório segundo o qual o Irã suspendeu em 2003 seu projeto sigiloso para a construção da bomba atômica -contrariando documento anterior dos mesmos serviços, segundo o qual o país do Oriente Médio estaria muito mais próximo de obter armas nucleares.
Mas Bush afirma que o relatório levou o Reino Unido, a França e a Rússia -membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, junto com China e os próprios EUA- a compreenderem que a questão iraniana ainda permanece problemática.
Ahmadinejad afirmou não temer essas resoluções e comemorou o relatório americano por ter deixado Washington "com as mãos vazias".
"Hoje, a nação iraniana é vitoriosa. Mas vocês [os EUA] estão de mãos abanando", disse o presidente do Irã.
Ao citar os países preocupados, Bush não citou a China. O ministro das Relações Exteriores chinês, Yang Jiechi, estava ontem em Londres, onde discordou de David Miliband, seu colega britânico, a respeito de novas sanções contra o Irã.
Em Nova York, o embaixador francês na ONU, Jean-Maurice Ripert, afirmou existir "um consenso crescente" entre os membros permanentes do Conselho de Segurança, que discutem um projeto de resolução contra o regime islâmico.

Mais difícil
A Reuters cita, no entanto, um diplomata próximo ao conselho, para o qual o relatório da inteligência americana tornou "muito mais difícil" a votação de novas punições.
"Precisamos levar em consideração muitos fatores antes de redigir uma resolução, entre eles o documento americano segundo o qual o Irã não possui agora um programa nuclear voltado para fins militares", disse o chanceler russo.
A chefe da diplomacia israelense, Tzipi Livni, afirmou que o Irã deve ser objeto de "sanções mais duras" em razão de seu programa de enriquecimento de urânio.
O Tratado de Não-Proliferação Nuclear -do qual o Irã é signatário e Israel não é- permite o enriquecimento de urânio, desde que os países-membros autorizem a inspeção completa de suas instalações nucleares.


Com agências internacionais


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