São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Italiano pede "ato nazista" contra os imigrantes

DA REDAÇÃO

Indignado com o crescente fluxo migratório, o vereador italiano Giorgio Bettio, do partido direitista Liga Norte, propôs a adoção de práticas da tropa de elite nazista contra os estrangeiros. "Usemos o mesmo método da SS: punir dez deles para cada delito contra um cidadão nosso", sugeriu o legislador, na última segunda, em sessão da Câmara Legislativa de Treviso, no noroeste do país.
Os métodos da SS são bem conhecidos na península Itálica. Em 1944, 335 civis italianos -prisioneiros políticos e judeus- foram executados em Roma em represália à morte de 33 soldados alemães durante um ataque da Resistência.
A referência velada ao episódio, conhecido como Massacre das Fossas Ardeatinas, chocou um país acostumado a provocações. Em agosto, o vice-prefeito de Treviso, Giancarlo Gentilini -também da Liga Norte-, se disse favorável a uma "limpeza étnica" contra homossexuais e já defendeu que se atirasse contra os que tentam cruzar ilegalmente a fronteira.
A entrada da Romênia na União Européia e o aumento exponencial da imigração acirrou as tensões na Itália. A morte de uma italiana por um cigano romeno, em outubro, enfureceu a população, que em parte responsabiliza os migrantes pelo aumento da criminalidade. O governo autorizou a pronta expulsão de europeus envolvidos em crimes.
As declarações de Bettio foram criticadas em toda Itália. Dizendo-se surpreso com a repercussão "desproporcional", ele se desculpou e disse que estava tomado pela raiva no momento da declaração, pois sua mãe havia sido "ameaçada por vizinhos estrangeiros". Também disse que não disputará as próximas eleições. O ministro da Seguridade Social, Paolo Ferreno, acusou a Liga Norte de usar os imigrantes como bode expiatório " como os nazistas fizeram com os judeus". A comunidade judaica de Roma exige a renúncia de Bettio.
A hoje próspera região de Vêneto, onde está Treviso, foi um dos principais focos de emigração no final do século 19 e início do século 20. De lá partiram 30% dos italianos que chegaram ao Brasil entre 1876 e 1920.


Com a Reuters

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