São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORIENTE MÉDIO País proíbe ida de delegação a Londres e quer fechar três universidades na Cisjordânia Após atentado, Israel impõe mais restrições
DA REDAÇÃO Israel ampliou ontem suas medidas retaliatórias contra os palestinos, após um duplo atentado suicida ter matado anteontem 22 pessoas e ferido mais de cem no centro de Tel Aviv. O país proibiu a viagem de uma delegação oficial palestina a Londres, onde participaria, a partir do dia 13, de conferência sobre paz e reformas no Oriente Médio. Impôs também restrições à liberdade de movimento nos territórios ocupados de altos funcionários da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Vetou a realização de um encontro do Conselho Central Palestino, marcado para a quinta-feira, em Ramallah. Além disso, disse que vai fechar três universidades da Cisjordânia. A primeira medida irritou o governo do Reino Unido, patrocinador do diálogo em Londres entre autoridades palestinas, diplomatas árabes e integrantes do quarteto (grupo que tenta mediar o conflito israelo-palestino, que conta com a participação de EUA, União Européia, ONU e Rússia). O premiê israelense, Ariel Sharon, negou a possibilidade de haver negociações de paz enquanto continuar o terrorismo. "Estamos testemunhando novamente uma onda terrível de terrorismo", disse. Ele visitou pessoas feridas no ataque, cuja autoria foi atribuída pelo Exército a uma célula baseada em Nablus do Tanzim (milícia ligada ao grupo Fatah, do presidente da ANP, Iasser Arafat). "Quando acabarmos com o terror, sentaremos para falar sobre a paz. Mas a primeira coisa a ser feita é acabar com o terror." O chanceler de Israel, Binyamin Netanyahu, teve uma tensa conversa telefônica com o seu colega britânico, Jack Straw. Ele teria dito a Straw que esperava que Londres adotasse uma linha semelhante à traçada pelos EUA do presidente George W. Bush, segundo a qual não se pode negociar com líderes envolvidos com o terrorismo -referência a Arafat. Desde as explosões na velha estação de ônibus de Tel Aviv-o primeiro atentado do gênero em seis semanas-, as forças israelenses prenderam cinco palestinos. Helicópteros bombardearam uma suposta fábrica de armas em Gaza. O Exército fez duas incursões com tanques nos campos de refugiados de Maghazi, no qual um palestino foi morto -segundo testemunhas-, e Khan Yunis, na faixa de Gaza. As ordens ontem foram para que seja ampliado o foco das "operações seletivas". Sharon está sob pressão de Washington para conter as ações de seu Exército contra os palestinos. Os EUA desejam ver todas as atenções voltadas para a questão do desarmamento do Iraque e para uma eventual campanha para derrubar o ditador Saddam Hussein. Este voltou a elogiar os homens-bomba palestinos, "que enfrentam a agressão sionista com suas próprias vidas". Saddam envia dinheiro a famílias de terroristas suicidas. Raanan Gissin, porta-voz de Sharon, anunciou ontem a decisão oficial de fechar três universidades palestinas -ele nomeou duas delas, Bir Zeit e An Najah, as duas principais instituições de ensino superior da Cisjordânia. Até ontem, 20 das vítimas fatais do ataque de Tel Aviv haviam sido identificadas -entre elas havia 13 israelenses e cinco estrangeiros. Alguns trabalhadores ilegais feridos, temendo ser deportados, não buscaram atendimento nos hospitais. Para tranquilizá-los, o governo de Israel anunciou que não vai prendê-los. Ainda há mais de 40 pessoas hospitalizadas, duas delas em estado crítico. A exemplo do ocorrido em pleitos passados, novos atentados e a retomada da violência com as retaliações devem favorecer a direita israelense -encabeçada pelo premiê Sharon- nas eleições parlamentares de 28 de janeiro. Com agências internacionais Texto Anterior: Natal ortodoxo Próximo Texto: Panorâmica - Costa do Marfim: Ataque de rebeldes fere 4 franceses Índice |
|