São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA/DISPUTA PROLONGADA

Eleitorado americano racha na Superterça

Rick Wilking/Reuters
John McCain (à esq.) fala a jornalistas após consolidar liderança; já a democrata Hillary Clinton (à dir., na Virgínia) trava disputa apertada
com Barack Obama


Nem megavotação consegue definir corrida no Partido Democrata; no lado republicano, McCain ainda precisa unificar base

Hillary e Obama brigam por candidatura voto a voto, com desempenho melhor dele em número de Estados e dela em voto popular

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

John McCain consolidou-se na liderança republicana e agora tem de conquistar a base conservadora de seu partido, e Hillary Clinton e Barack Obama entraram numa zona cinzenta que pode se estender pelas próximas primárias e chegar até mesmo à convenção democrata, em agosto. É isso que se filtra do mar de números e porcentagens da Superterça, em que 24 Estados norte-americanos foram às urnas escolher seus candidatos à sucessão de George W. Bush.
Além de vencer em casa, o senador de 71 anos pelo Arizona ganhou em mais Estados, nove, e nos maiores, Califórnia, Nova York e Illinois, o que lhe dá a qualidade da elegibilidade. Foi vencedor em seis cujo processo eleitoral entrega todos os delegados na mão do vencedor. Assim, apesar de ter cerca de um terço dos votos populares, terminou o dia de ontem com a maior parte dos delegados.
Mas viu seu principal concorrente ganhar em Estados com a plataforma de que é mais conservador do que seu oponente. Mitt Romney, 60, levou os óbvios Utah, seu Estado de origem, de base mórmon como ele, e Massachusetts, que governou -mas surpreendeu ao embolsar Colorado, Dakota do Norte e Minnesota.
Já o ex-governador sulista e ex-pastor batista Mike Huckabee, 52, usará sua vitória em cinco Estados, dos quais quatro no sul, para barganhar um possível apoio a McCain, já que o senador precisará dos conservadores religiosos da região para levar a indicação.
"Agora, o senador tem de reforçar os pontos conservadores que defendeu no passado, como o apoio à Guerra do Iraque e ao corte de impostos do presidente Bush", disse à Folha o analista político conservador Michael Barone. "Diferentemente dos argumentos de Romney contra ele, os de McCain são baseados em fatos, e serão mais fáceis de defender justamente por essa razão."

Indefinição
Entre os democratas, a candidatura de Hillary Clinton, 60, passou de "inevitável" para uma disputa delegado a delegado com Barack Obama. Ele ganhou em mais Estados, 13, mas ela levou os mais importantes, Califórnia, Nova York e Nova Jersey, em que aparecia empatada nas últimas pesquisas com o senador negro de 46 aos. Surpreendeu ainda ao ganhar Massachusetts, apesar do apoio ostensivo dado a Obama por parte dos Kennedy, que dominam a cena política local há décadas.
Hillary foi bem entre os latinos, o que lhe valeu não só a Califórnia como o Arizona e o Novo México, e as mulheres, dois universos importantes do eleitorado democrata. Mas Obama liderou entre os jovens, cutucou um reduto tradicional dos Clinton, o sul negro, ao abocanhar a Geórgia, e surpreendeu em Estados de maioria branca, caso de Minnesota e Missouri.
A megavotação, que aconteceu em 22 Estados para os democratas e em 21 para os republicanos, atraiu mais eleitores da oposição do que da situação. Foram 14,4 milhões de votos para o primeiro (7,3 milhões em Hillary, e 7,1 milhões em Obama), ante 8,7 milhões para a agremiação de Bush.

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