|
Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NOS EUA/DISPUTA PROLONGADA
Eleitorado americano racha na Superterça
Rick Wilking/Reuters
|
|
John McCain (à esq.) fala a jornalistas após consolidar liderança; já a democrata Hillary Clinton (à dir., na Virgínia) trava disputa apertada com Barack Obama
Nem megavotação consegue definir corrida no Partido Democrata; no lado republicano, McCain ainda precisa unificar base
Hillary e Obama brigam por candidatura voto a voto, com desempenho melhor dele em número de Estados e dela em voto popular
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
John McCain consolidou-se
na liderança republicana e agora tem de conquistar a base
conservadora de seu partido, e
Hillary Clinton e Barack Obama entraram numa zona cinzenta que pode se estender pelas próximas primárias e chegar até mesmo à convenção democrata, em agosto. É isso que
se filtra do mar de números e
porcentagens da Superterça,
em que 24 Estados norte-americanos foram às urnas escolher seus candidatos à sucessão
de George W. Bush.
Além de vencer em casa, o senador de 71 anos pelo Arizona
ganhou em mais Estados, nove,
e nos maiores, Califórnia, Nova
York e Illinois, o que lhe dá a
qualidade da elegibilidade. Foi
vencedor em seis cujo processo
eleitoral entrega todos os delegados na mão do vencedor. Assim, apesar de ter cerca de um
terço dos votos populares, terminou o dia de ontem com a
maior parte dos delegados.
Mas viu seu principal concorrente ganhar em Estados
com a plataforma de que é mais
conservador do que seu oponente. Mitt Romney, 60, levou
os óbvios Utah, seu Estado de
origem, de base mórmon como
ele, e Massachusetts, que governou -mas surpreendeu ao
embolsar Colorado, Dakota do
Norte e Minnesota.
Já o ex-governador sulista e
ex-pastor batista Mike Huckabee, 52, usará sua vitória em
cinco Estados, dos quais quatro
no sul, para barganhar um possível apoio a McCain, já que o
senador precisará dos conservadores religiosos da região para levar a indicação.
"Agora, o senador tem de reforçar os pontos conservadores
que defendeu no passado, como o apoio à Guerra do Iraque e
ao corte de impostos do presidente Bush", disse à Folha o
analista político conservador
Michael Barone. "Diferentemente dos argumentos de
Romney contra ele, os de
McCain são baseados em fatos,
e serão mais fáceis de defender
justamente por essa razão."
Indefinição
Entre os democratas, a candidatura de Hillary Clinton, 60,
passou de "inevitável" para
uma disputa delegado a delegado com Barack Obama. Ele ganhou em mais Estados, 13, mas
ela levou os mais importantes,
Califórnia, Nova York e Nova
Jersey, em que aparecia empatada nas últimas pesquisas com
o senador negro de 46 aos. Surpreendeu ainda ao ganhar Massachusetts, apesar do apoio ostensivo dado a Obama por parte dos Kennedy, que dominam
a cena política local há décadas.
Hillary foi bem entre os latinos, o que lhe valeu não só a Califórnia como o Arizona e o Novo México, e as mulheres, dois
universos importantes do eleitorado democrata. Mas Obama
liderou entre os jovens, cutucou um reduto tradicional dos
Clinton, o sul negro, ao abocanhar a Geórgia, e surpreendeu
em Estados de maioria branca,
caso de Minnesota e Missouri.
A megavotação, que aconteceu em 22 Estados para os democratas e em 21 para os republicanos, atraiu mais eleitores
da oposição do que da situação.
Foram 14,4 milhões de votos
para o primeiro (7,3 milhões
em Hillary, e 7,1 milhões em
Obama), ante 8,7 milhões para
a agremiação de Bush.
Próximo Texto: Com disputa acirrada, decisão democrata pode ir para o tapetão Índice
|