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Ex-comunistas rejeitam aliança na Itália
Partido Democrático, de Walter Veltroni, tem mais chances contra Berlusconi se disputar sozinho; pleito será em abril
Presidente dissolve Câmara e Senado; crise começou após queda de Prodi há duas semanas, em decorrência da quebra da coalizão no poder
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a Itália já mobilizada
pela campanha para as eleições
que renovarão a Câmara e o Senado em 13 e 14 de abril, Walter
Veltroni, líder do Partido Democrático, maior formação de
centro-esquerda, anunciou ontem que não fará coligações e
concorrerá com candidatos
próprios em todos os distritos.
O presidente Giorgio Napolitano assinou ontem à tarde,
conforme previsto, decreto de
dissolução do Parlamento,
pondo fim à segunda legislatura mais curta do país no pós-Guerra. A crise foi desencadeada em fins de janeiro, quando o
Senado negou voto de confiança ao premiê Romano Prodi, no
poder havia só 20 meses.
Napolitano qualificou a dissolução de "uma anomalia" e
lamentou que os italianos votassem com três anos de antecedência, sem uma nova lei
eleitoral que desse mais estabilidade aos próximos gabinetes.
O bloco conservador, liderado pelo ex-premiê Silvio Berlusconi, é dado como favorito
nas pesquisas de intenção de
voto. O magnata da mídia poderá chefiar pela terceira vez um
governo italiano.
Veltroni, que é também prefeito de Roma, afirmou que disputar eleições sem estar coligado "é uma grande novidade política", mas que a "experiência é
necessária" em razão da fragmentação de propostas que enfraqueceu o governo Prodi.
"Cada eleitor, ao votar no PD,
saberá que estará votando em
posições claras e unívocas, e
não precisaremos mediar divergências entre 18 partidos
aliados", afirmou.
Por detrás dessa posição há,
no entanto, um cálculo eleitoral. O instituto Ipsos revela que
uma coligação liderada pelo PD
ficaria hoje dez pontos atrás do
bloco de Berlusconi. Mas se o
partido de Veltroni disputar sozinho, como ele pretende, essa
diferença cairia para três pontos. Ou seja, no caso de reverter
o atual quadro e obter a maioria
parlamentar, Veltroni estaria
em condições de impor aliança
com os partidos menores.
"Bandeja de prata"
Ainda ontem, quatro partidos à esquerda do PD enviaram
carta a Veltroni pedindo para
que ele reconsiderasse sua decisão, "que entregaria a Itália
de presente numa bandeja de
prata a Berlusconi".
Esses partidos propõem, como alternativa, concorrer com
um candidato próprio a premiê. Seria Fausto Bertinotti,
presidente da Câmara dissolvida e líder do Partido da Refundação Comunista -que rejeitou as sucessivas mudanças e
fusões do ex-Partido Comunista Italiano, o atual PD, de Prodi,
Napolitano e Veltroni.
Quanto a Berlusconi, tudo
indicava ontem que sua coligação -com a extrema direita,
autonomistas lombardos e católicos conservadores- permanecia de pé. Emissários do
ex-premiê procuravam atrair
ao bloco a Udeur, pequeno partido de centro chefiado por Clemente Mastella.
Mastella, ex-deputado e hoje
senador, foi o ministro do Trabalho do governo de direita de
Berlusconi e, no último gabinete de centro-esquerda, ministro da Justiça de Romano Prodi. Foi sua saída da coalizão,
forçada por acusações de corrupção contra sua mulher, que
provocou a atual crise política.
Com agências internacionais
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