São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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Ex-comunistas rejeitam aliança na Itália

Partido Democrático, de Walter Veltroni, tem mais chances contra Berlusconi se disputar sozinho; pleito será em abril

Presidente dissolve Câmara e Senado; crise começou após queda de Prodi há duas semanas, em decorrência da quebra da coalizão no poder

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a Itália já mobilizada pela campanha para as eleições que renovarão a Câmara e o Senado em 13 e 14 de abril, Walter Veltroni, líder do Partido Democrático, maior formação de centro-esquerda, anunciou ontem que não fará coligações e concorrerá com candidatos próprios em todos os distritos.
O presidente Giorgio Napolitano assinou ontem à tarde, conforme previsto, decreto de dissolução do Parlamento, pondo fim à segunda legislatura mais curta do país no pós-Guerra. A crise foi desencadeada em fins de janeiro, quando o Senado negou voto de confiança ao premiê Romano Prodi, no poder havia só 20 meses.
Napolitano qualificou a dissolução de "uma anomalia" e lamentou que os italianos votassem com três anos de antecedência, sem uma nova lei eleitoral que desse mais estabilidade aos próximos gabinetes.
O bloco conservador, liderado pelo ex-premiê Silvio Berlusconi, é dado como favorito nas pesquisas de intenção de voto. O magnata da mídia poderá chefiar pela terceira vez um governo italiano.
Veltroni, que é também prefeito de Roma, afirmou que disputar eleições sem estar coligado "é uma grande novidade política", mas que a "experiência é necessária" em razão da fragmentação de propostas que enfraqueceu o governo Prodi.
"Cada eleitor, ao votar no PD, saberá que estará votando em posições claras e unívocas, e não precisaremos mediar divergências entre 18 partidos aliados", afirmou.
Por detrás dessa posição há, no entanto, um cálculo eleitoral. O instituto Ipsos revela que uma coligação liderada pelo PD ficaria hoje dez pontos atrás do bloco de Berlusconi. Mas se o partido de Veltroni disputar sozinho, como ele pretende, essa diferença cairia para três pontos. Ou seja, no caso de reverter o atual quadro e obter a maioria parlamentar, Veltroni estaria em condições de impor aliança com os partidos menores.

"Bandeja de prata"
Ainda ontem, quatro partidos à esquerda do PD enviaram carta a Veltroni pedindo para que ele reconsiderasse sua decisão, "que entregaria a Itália de presente numa bandeja de prata a Berlusconi".
Esses partidos propõem, como alternativa, concorrer com um candidato próprio a premiê. Seria Fausto Bertinotti, presidente da Câmara dissolvida e líder do Partido da Refundação Comunista -que rejeitou as sucessivas mudanças e fusões do ex-Partido Comunista Italiano, o atual PD, de Prodi, Napolitano e Veltroni.
Quanto a Berlusconi, tudo indicava ontem que sua coligação -com a extrema direita, autonomistas lombardos e católicos conservadores- permanecia de pé. Emissários do ex-premiê procuravam atrair ao bloco a Udeur, pequeno partido de centro chefiado por Clemente Mastella.
Mastella, ex-deputado e hoje senador, foi o ministro do Trabalho do governo de direita de Berlusconi e, no último gabinete de centro-esquerda, ministro da Justiça de Romano Prodi. Foi sua saída da coalizão, forçada por acusações de corrupção contra sua mulher, que provocou a atual crise política.


Com agências internacionais

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