São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

Próximo Texto | Índice

Atentados matam pelo menos 149 xiitas no Iraque

No maior ataque do dia, 115 peregrinos que iam a Karbala morreram após explosão de dois homens-bomba em Hilla

Exército dos EUA anuncia a morte de nove soldados norte-americanos; Bush diz que tropas estão fazendo "progressos importantes"

DA REDAÇÃO

Ao menos 149 peregrinos xiitas foram mortos ontem em uma sucessão de atentados ocorridos no Iraque, informaram a polícia do país e os hospitais. Mais de 200 ficaram feridos, sendo que 50 estão internados em estado grave.
No pior ataque do dia, dois homens-bomba se explodiram numa avenida de Hilla (cem quilômetros ao sul de Bagdá), matando ao menos 115 xiitas que se dirigiam à cidade de Karbala para as comemorações do 40º dia após a Ashura -feriado religioso que marca a morte do imã Hussein, ocorrida em 680. A morte de Hussein marcou o início da dissidência entre sunitas e xiitas.
"Eu vi o segundo homem-bomba correr em direção à multidão e se explodir. Todos em volta dele ficaram em pedaços", afirmou uma testemunha, que descreveu um cenário de caos, com sandálias e roupas espalhadas por poças de sangue e tendas que pegavam fogo.
"Foi um massacre brutal contra pessoas que estavam apenas praticando sua fé", afirmou o xiita Sami al Askari.
Em uma declaração para a rede de televisão pública iraquiana, o primeiro-ministro Nouri al Maliki culpou os militantes sunitas pelo "crime bárbaro", em referência às explosões em Hilla.
Insurgentes também protagonizaram um atentado utilizando um carro-bomba no sul de Bagdá, que matou 12 xiitas, e dois ataques em Latifiya, matando ao menos três peregrinos. Ao menos outros sete peregrinos foram mortos na capital em uma série de ataques.
Também ontem o Exército dos EUA anunciou a morte de nove soldados norte-americanos em explosões ocorridas em Províncias majoritariamente sunitas, ao norte de Bagdá. Três soldados ficaram feridos.
Na cidade de Mosul (norte), dezenas de homens armados invadiram um presídio e liberaram cerca de 140 prisioneiros em uma das maiores operações desse tipo desde que os EUA invadiram o Iraque, em 2003.
A maioria dos detidos era insurgente, afirmou a polícia iraquiana, que chamou o Exército dos EUA para auxiliá-la na operação. Ainda de acordo com a polícia, grande parte dos prisioneiros foi recapturada.
Segundo o grupo Repórteres sem Fronteiras, um jornalista iraquiano que havia sido seqüestrado foi encontrado ontem morto em Bagdá, elevando para 152 o número de jornalistas mortos no Iraque.

"Sinais encorajadores"
Mesmo após um dos dias mais sangretos no Iraque no ano, o presidente George W. Bush afirmou ontem que "existem alguns sinais encorajadores" no plano de aumento da segurança em Bagdá, iniciado há três semanas pelas forças norte-americanas e iraquianas.
O reforço da segurança na capital faz parte da nova estratégia norte-americana para o Iraque, anunciada por Bush no dia 10 de janeiro.
Ontem, o vice-secretário de Defesa dos EUA, Gordon England, afirmou que os comandantes do Exército norte-americano no Iraque estão pedindo um aumento das tropas adicionais anunciadas por Bush. O número, que inicialmente representava 21.500 soldados a mais, poderia chegar a 30 mil.
Atualmente, cerca de 140 mil tropas norte-americanas lutam no Iraque. Ao menos 3.184 membros do Exército dos EUA morreram desde o início da guerra, em março de 2003.
"As forças iraquianas e dos EUA estão fazendo um progresso gradual, porém importante, quase diariamente, e nós continuaremos a avançar até que nossos objetivos sejam atingidos", disse Bush.
Já a porta-voz da Casa Branca Dana Parino afirmou que era cedo demais para julgar a operação. "Nós nunca prometemos resultados", disse.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.