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ERRO
Comboio de curdos e forças especiais dos EUA é bombardeado por americanos, perto de Arbil
"Fogo amigo" mata 18 e fere 45 no norte
DA REDAÇÃO
Dois aviões americanos bombardearam um comboio de combatentes curdos e forças especiais
dos EUA no norte do Iraque ontem, matando 18 pessoas e ferindo pelo menos outras 45.
Os mortos no incidente, perto
das linhas de batalha a sudeste de
Arbil, a principal cidade na zona
do norte iraquiano controlada pelos curdos, eram 17 curdos e um
tradutor da rede britânica BBC,
afirmou o líder curdo Hoshyar
Zebari. Entre os feridos, estão altos oficiais militares do Partido
Democrata do Curdistão (KDP),
um dos dois principais grupos
políticos curdos, disse ele.
O comandante das forças especiais curdas Wajy Barzani, irmão
mais novo do líder do partido,
Massoud Barzani, ficou gravemente ferido. Ele foi transferido
de avião por forças americanas a
um hospital na Alemanha.
Os comandantes militares curdos Said Abdullah, Abdul Rahman, Mamasta Hehman e Mansur Barzani, filho de Massoud
Barzani, também ficaram feridos
no incidente de "fogo amigo".
O Comando Central dos EUA
em Doha (Qatar) afirmou que, segundo seus "primeiros relatórios
de baixas" sobre o mesmo incidente, apenas um civil morreu e
seis pessoas ficaram feridas, incluindo um soldado americano,
mas que a investigação sobre o incidente não havia terminado.
Zebari disse que o erro pode ter
sido causado por um cenário de
batalha confuso e instável na região entre Pir Dawad e Dibagah,
40 km a sudoeste de Arbil.
A declaração dos EUA diferia
sobre o local do incidente, dizendo que havia ocorrido a cerca de
50 km a sudeste de Mossul, perto
de Kalak. Kalak fica 60 km a noroeste de Dibagah.
Forças curdas e americanas pediram "apoio aéreo" depois que
uma coluna de tanques iraquianos tentou bloquear soldados da
coalizão anglo-americana que
avançavam. O comboio estava
perto de tanques iraquianos não
operantes quando foi atacado,
disse Zebari. "É uma situação de
guerra, e essas coisas acontecem."
Expulsar soldados iraquianos
de Dibagah bloquearia a principal
estrada conectando as principais
cidades do norte iraquiano nas
mãos de Bagdá: Mossul e Kirkuk.
O editor de internacional da
BBC, John Simpson, que ficou ferido no incidente, disse que o
comboio tinha entre oito e dez
carros, dois dos quais levavam
soldados americanos. O tradutor
da BBC Kamaran Abdurazaq Muhamed morreu de hemorragia
após perder as pernas.
Simpson descreveu a situação
como "um cenário do inferno",
com fogo e cadáveres por todo lado. "Vi pessoas queimando até a
morte ao meu redor", disse ele,
que sofreu pequenos ferimentos.
Zebari afirmou que o incidente
não prejudicaria o apoio político e
militar curdo ao esforço da coalizão anglo-americana para derrubar Saddam. "Isso não afetará a
nossa determinação de trabalhar
juntos", disse Zebari.
Coalizão
No norte do Iraque, pequenos
grupos de forças especiais da coalizão anglo-americana operam
junto com grupos de guerrilheiros curdos, conhecidos como
peshmergas ("aqueles que enfrentam a morte", em curdo),
com a missão principal de localizar as tropas iraquianas e chamar
aviões para bombardeá-las. Em
seguida, determinam até onde os
peshmergas devem avançar.
Após a Guerra do Golfo (1991),
os EUA e o Reino estabeleceram
uma zona de exclusão aérea no
norte do Iraque. Na região, majoritariamente habitada por curdos,
foi estabelecida uma administração quase autônoma. Organizados -e apoiados pelo poderio aéreo anglo-americano-, os peshmergas têm condições de agir
contra os iraquianos, evitando
um enfrentamento direto entre os
últimos e as forças da coalizão.
É uma estratégia semelhante à
adotada pelos EUA no Afeganistão, onde o Taleban foi derrubado
por uma ação coordenada entre
as forças americanas e grupos armados da oposição afegã.
Os EUA pretendiam invadir o
norte a partir da Turquia, mas o
Parlamento turco não autorizou.
Com agências internacionais
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