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ÁFRICA
Mundo "não deu a mínima", diz ex-comandante das forças de paz no país
Ruanda recorda 10 anos do genocídio
DA ASSOCIATED PRESS
Dez anos atrás, a dona-de-casa
Verena Mukarugambwa tentava
escapar da morte enquanto extremistas hutus desencadeavam
uma onda de matança que durou
cem dias e deixou Ruanda, pequeno país africano, em pedaços.
No momento em que fugia pelo
interior de Ruanda, seu marido e
suas duas irmãs mais novas se
juntavam às mais de 500 mil pessoas golpeadas, fuziladas ou espancadas até a morte durante o
genocídio.
Hoje, ao lado de líderes africanos e de representantes norte-americanos e europeus, ela participará do evento que relembra o
10º aniversário do início da matança, em 7 de abril de 1994.
"Foi o dia em que alguns de nós
deixamos nossas casas e começamos uma vida de fugitivos. É um
dia que nunca esquecerei", disse
Mukarugambwa.
A matança começou horas depois da misteriosa derrubada do
avião do presidente Juvenal Habyarimana, membro da maioria
hutu, em 6 de abril de 1994.
Os tutsis, que agora controlam o
governo e o Exército, afirmam
que o genocídio começou em 7 de
abril, em parte porque não querem que coincida com a derrubada do avião de Habyarimana
-uma data com significado político para os radicais hutus.
A matança foi orquestrada pelo
governo extremista hutu à época
no poder. Estimulados pelas
mensagens de ódio, soldados do
governo, milícias hutus e moradores comuns passavam de uma
vila a outra exterminando homens, mulheres e crianças. Quase
todas as vítimas eram da minoria
tutsi ou hutus moderados.
ONU ausente
Quando o genocídio começou,
havia 2.500 soldados da ONU em
Kigali (capital), mas eles nunca
foram autorizados a intervir.
No dia 21 de abril, enquanto a
matança ganhava força, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução para reduzir a
força para apenas 270 homens.
Romeo Dallaire, o general canadense que comandava a força de
paz, disse ontem, em entrevista
coletiva em Kigali, que a comunidade internacional foi a responsável pelo massacre.
"O genocídio ruandês ocorreu
porque a comunidade internacional não deu a mínima para os
ruandeses", disse Dallaire.
A matança só teve fim em julho
de 1994, quando rebeldes tutsis, liderados pelo atual presidente,
Paul Kagame, tomou Kigali.
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