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Marinheiros afirmam ter falado sob ameaça
Os 15 britânicos libertados na quarta em Teerã dizem ter ficado isolados e que foram ameaçados de cumprir 7 anos de prisão
Capitão diz que botes do
grupo estavam a 3,2 km das
águas iranianas quando
captura ocorreu e denuncia "pressão psicológica" do Irã
Ben Stansall/France Presse
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Seis do 15 membros da Marinha que estiveram presos no Irã, na entrevista ontem na base naval de Devon, a sudoeste de Londres
DA REDAÇÃO
Os 15 marinheiros britânicos
que passaram 13 dias presos no
Irã afirmaram ter sofrido
"pressões psicológicas" para dizer, à televisão iraniana, que
eram "culpados" por invadir as
águas territoriais daquele país.
O grupo, que voltou anteontem ao Reino Unido, foi capturado durante missão de patrulhamento no golfo Pérsico. Depois de passarem um dia reclusos numa base naval em Devon,
a sudoeste de Londres, ontem
eles deram entrevista coletiva
organizada pelo Ministério da
Defesa.
Um dos integrantes do grupo, o capital Chris Air, afirmou
que no momento da prisão os
dois botes britânicos e seus tripulantes estavam em águas territoriais do Iraque e a 3,2 km do
limite das águas do Irã.
Na entrevista, os militares
disseram que eram interrogados de madrugada e mantidos
isolados, cada um ocupando
pequenas celas de uma prisão
de Teerã, na qual dormiam sem
colchões, sobre pilhas de cobertores. Disseram que deixavam
as celas para os interrogatórios
com os olhos vendados e mãos
amarradas nas costas.
O tenente Felix Carman disse que os interrogadores deixaram claro que, para o grupo, havia só duas opções: ou confessava ter penetrado em águas iranianas e pedia publicamente
desculpas, ou então estaria sujeito a sete anos de prisão.
"Encenação"
O governo iraniano qualificou a declaração dos militares
de "propaganda" e "encenação". "O que eles não podem
negar é que violaram as fronteiras marítimas da República islâmica", disse Mohamad Hosseini, porta-voz diplomático.
Na quarta-feira, para anunciar a libertação dos marinheiros, o presidente iraniano,
Mahmoud Ahmadinejad, montou uma cerimônia depois da
qual cumprimentou os militares britânicos e exortou o governo de Londres a não "puni-los" em razão da confissão que
haviam feito.
Ontem, os ex-prisioneiros
disseram que naquele dia foram levados a um edifício público para assistir pela TV à entrevista do presidente e que depois, de olhos vendados, foram
transportados ao local em que o
encontrariam.
Depois dos cumprimentos,
todos foram novamente vendados e transportados a um hotel,
onde pela primeira vez puderam conversar com diplomatas
britânicos, entre eles o embaixador em Teerã.
A entrevista dos ex-prisioneiros procurou desfazer a impressão de que o grupo foi presa fácil para o comando iraniano e contestar as críticas, dentro do Reino Unido, de que eles
serviram à propaganda do regime islâmico.
"Tentar resistir à prisão não
era uma opção. Se tivéssemos
optado por essa alternativa
muitos de nós não estariam
[sãos e salvos] hoje por aqui",
disse o capitão Air.
O comandante da Marinha
Real, almirante Jonathon
Band, afirmou que o grupo
"reagiu [em todo o episódio]
com uma dignidade considerável e muita coragem".
Pressão sobre marinheira
Ele também disse que seriam
revistos os procedimentos para
a fiscalização em águas territoriais iraquianas, mas reiterou
que não aconselharia aos militares resistir a tiros a qualquer
abordagem iraniana.
O regulamento britânico estipula que o militar capturado
deve fazer tudo para preservar
sua própria integridade, mesmo que, para tanto, e sob pressões, precise mentir.
Um dos ex-prisioneiros disse
que a única mulher do grupo,
Faye Turney, foi "informada"
pelos carcereiros de que os 14
homens já haviam sido libertados. Assim, por quatro dias, ela
acreditou ser a única a permanecer no cativeiro.
O grupo disse ter sido inicialmente transportado para um
quartel nas imediações do local
da captura, seguindo-se interrogatórios que atravessaram a
madrugada. Só no dia seguinte
foram levados de avião a Teerã.
Com agências internacionais
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