São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011 |
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Portugal se rende e pede ajuda para sair do buraco Primeiro-ministro anuncia na TV que o país recorrerá à União Europeia Analistas especulam que resgate será de 80 bilhões, mas Sócrates não cita valores no seu breve pronunciamento DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS O primeiro-ministro demissionário de Portugal, José Sócrates, comunicou ontem a decisão de pedir ajuda financeira à União Europeia. Logo em seguida, a Comissão Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) informaram que estão prontos para socorrer o país. Portugal se tornou o terceiro país do euro a recorrer a uma ajuda de seus parceiros. No ano passado, a Grécia recebeu € 110 bilhões e a Irlanda, € 85 bilhões. A chamada crise da dívida europeia foi uma consequência da crise econômica de 2008. Para proteger a economia, os governos aumentaram suas despesas. Aqueles que já tinham gastos públicos elevados viram a dívida estourar, junto com as taxas de juros. Essa bola de neve levou os países periféricos a atingir deficits públicos recordes, perdendo a capacidade de pagar a dívida. No pronunciamento de menos de cinco minutos na TV, Sócrates não mencionou o valor do resgate. Analistas do mercado financeiro especulavam que poderá chegar a € 80 bilhões (equivalentes a R$ 184 bilhões). "É o momento para assumir as responsabilidades. É em nome do interesse nacional que digo aos portugueses que é preciso dar este passo", afirmou Sócrates. Resistente a um pedido de socorro externo desde o ano passado, Sócrates renunciou em 23 de março ao ver seu plano de ajuste fiscal ser derrotado no Parlamento. As novas eleições foram convocadas para 5 de junho. Depois do pedido de demissão do primeiro-ministro, o cenário financeiro de Portugal se deteriorou. As grandes agências de classificação de risco rebaixaram a nota do país e os juros dos títulos da dívida bateram sucessivos recordes. "A rejeição do PEC [pacote fiscal] foi o sinal mais errado que o país podia ter dado". O argumento dele era de que a ajuda externa estará condicionada ao país cumprir duras exigências de ajuste econômico. O governo português tem altas dívidas a pagar já neste mês. Em 15 de abril, vencem € 4,2 bilhões da dívida pública e em junho há um vencimento de € 4,9 bilhões. O país tentou lançar novos títulos de curtíssimo prazo para honrar esses compromissos financeiros, mas os juros exigidos pelos investidores para aceitar o risco não são sustentáveis. Ontem, foi feito um leilão com juros recordes de 5,11% em papéis que vencem em seis meses. Próximo Texto: Análise: Impacto continental da crise ainda pode ser controlado Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |