|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NOS EUA / INDECISÃO DEMOCRATA
Obama vence na Carolina do Norte e já fala como escolhido
Pré-candidato celebra "triunfo sobre política de divisão e distração"; Hillary, na frente em Indiana, diz que manterá "velocidade máxima"
Margem ínfima de senadora lhe dá fôlego para seguir na corrida, mas não para virar; faltando só 6 de mais de 50 prévias, impasse persiste
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A RALEIGH (CAROLINA DO NORTE)
Até a 1h30 de hoje, dava o esperado, embora por margens
que favoreciam Barack Obama
e deixavam Hillary Clinton em
situação delicada na disputa
pela candidatura do Partido
Democrata à sucessão de George W. Bush.
A apuração das prévias partidárias de ontem mostrava que
o senador levou a Carolina do
Norte por 14 pontos percentuais (56% a 42%), vantagem
nada desprezível, enquanto a
ex-primeira-dama liderava por
uma margem quase desprezível
em Indiana, menos do que o
necessário para injetar oxigênio em sua candidatura.
Com 92% das urnas apuradas no Estado, a ex-primeira-dama saía na frente, com
50,91% dos votos, ante 49,09%
do senador -e a divisão administrativa que não havia divulgado seu resultado total era o
condado de Lake, onde fica a cidade de Gary, na divisa com
Illinois, a 40 minutos de Chicago e altamente influenciada pela política do Estado de Obama.
Mantida essa margem, pode
ser difícil para a senadora convencer seu partido de que vale a
pena continuar uma disputa
que ameaça se tornar cada vez
mais negativa pela vaga até 3 de
junho, data das últimas prévias,
ou mesmo até a convenção do
partido, em agosto.
Em agradecimento no estádio da Universidade Estadual
da Carolina do Norte em Raleigh, capital do Estado em que
um em cada três eleitores é negro, Obama fez discurso com ar
de candidato escolhido.
"Pretendemos marchar à
frente com um Partido Democrata unificado, unido por uma
visão comum para o país, porque todos concordamos que esse é um momento definitivo na
nossa história", falou, para
aplausos e gritos dos presentes,
na maioria estudantes brancos.
"Não podemos permitir que
John McCain cumpra o terceiro mandato de George W. Bush.
Precisamos mudar os EUA."
Hillary falou na seqüência,
em discurso em que delineou
sua estratégia para os próximos
dias. Observada por Bill Clinton e a filha, Chelsea, começou
com uma provocação. Disse
que vai continuar competindo
e que os dois Estados barrados
por desrespeitarem decisão do
partido, Flórida e Michigan,
onde ela ganhou, deveriam ser
contados. (Obama não estava
na cédula em Michigan e ele
não fez campanha na Flórida.)
"Meu oponente fez uma previsão. Eu ganharia na Pensilvânia, ele ganharia na Carolina do
Norte e Indiana seria o desempate", provocou. "Bem..." Depois de dedicar a noite aos que
sofrem ao encher o tanque do
carro, uma de suas bandeiras
recentes, disse que precisava da
ajuda de todos para prosseguir.
"Só conseguiremos continuar ganhando se continuarmos competindo", afirmou.
Mais adiante, diria: "Estou concorrendo para ser presidente
de todo o país, por isso é importante contar os votos de Michigan e da Flórida."
Obama lidera em número de
delegados, votos populares e
encosta em superdelegados -e
esses proeminentes membros
do partido devem decidir a indicação, já que nas seis prévias
restantes o provável é que a distância entre os dois candidatos
continue mais ou menos a mesma, com vantagem para ele.
O senador criticou Hillary
por dizer que não acreditava
que seus eleitores apoiariam o
candidato, se ele fosse o escolhido -e vice-versa. "Eu discordo", disse ele.
Boca-de-urna feita pela
emissora CNN em Indiana, no
entanto, reforça a tese da ex-primeira-dama. Metade dos
eleitores de Hillary ouvidos
disse que não votará em Obama, um terço afirmou que prefere McCain caso ela não concorra e 17% disseram que não votarão em ninguém. Mais maleáveis se mostraram os eleitores de Obama: 59% votariam
em Hillary, se preciso.
NA INTERNET
http://www.folha.com.br/080572
Confira os resultados
Texto Anterior: Análise: Ajuda externa vira dilema para generais Próximo Texto: Show: Senador faz ato com Stevie Wonder e ataca rival Índice
|