São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / INDECISÃO DEMOCRATA

Obama vence na Carolina do Norte e já fala como escolhido

Pré-candidato celebra "triunfo sobre política de divisão e distração"; Hillary, na frente em Indiana, diz que manterá "velocidade máxima"

Margem ínfima de senadora lhe dá fôlego para seguir na corrida, mas não para virar; faltando só 6 de mais de 50 prévias, impasse persiste


SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A RALEIGH (CAROLINA DO NORTE)

Até a 1h30 de hoje, dava o esperado, embora por margens que favoreciam Barack Obama e deixavam Hillary Clinton em situação delicada na disputa pela candidatura do Partido Democrata à sucessão de George W. Bush.
A apuração das prévias partidárias de ontem mostrava que o senador levou a Carolina do Norte por 14 pontos percentuais (56% a 42%), vantagem nada desprezível, enquanto a ex-primeira-dama liderava por uma margem quase desprezível em Indiana, menos do que o necessário para injetar oxigênio em sua candidatura.
Com 92% das urnas apuradas no Estado, a ex-primeira-dama saía na frente, com 50,91% dos votos, ante 49,09% do senador -e a divisão administrativa que não havia divulgado seu resultado total era o condado de Lake, onde fica a cidade de Gary, na divisa com Illinois, a 40 minutos de Chicago e altamente influenciada pela política do Estado de Obama.
Mantida essa margem, pode ser difícil para a senadora convencer seu partido de que vale a pena continuar uma disputa que ameaça se tornar cada vez mais negativa pela vaga até 3 de junho, data das últimas prévias, ou mesmo até a convenção do partido, em agosto.
Em agradecimento no estádio da Universidade Estadual da Carolina do Norte em Raleigh, capital do Estado em que um em cada três eleitores é negro, Obama fez discurso com ar de candidato escolhido.
"Pretendemos marchar à frente com um Partido Democrata unificado, unido por uma visão comum para o país, porque todos concordamos que esse é um momento definitivo na nossa história", falou, para aplausos e gritos dos presentes, na maioria estudantes brancos. "Não podemos permitir que John McCain cumpra o terceiro mandato de George W. Bush. Precisamos mudar os EUA."
Hillary falou na seqüência, em discurso em que delineou sua estratégia para os próximos dias. Observada por Bill Clinton e a filha, Chelsea, começou com uma provocação. Disse que vai continuar competindo e que os dois Estados barrados por desrespeitarem decisão do partido, Flórida e Michigan, onde ela ganhou, deveriam ser contados. (Obama não estava na cédula em Michigan e ele não fez campanha na Flórida.)
"Meu oponente fez uma previsão. Eu ganharia na Pensilvânia, ele ganharia na Carolina do Norte e Indiana seria o desempate", provocou. "Bem..." Depois de dedicar a noite aos que sofrem ao encher o tanque do carro, uma de suas bandeiras recentes, disse que precisava da ajuda de todos para prosseguir.
"Só conseguiremos continuar ganhando se continuarmos competindo", afirmou. Mais adiante, diria: "Estou concorrendo para ser presidente de todo o país, por isso é importante contar os votos de Michigan e da Flórida."
Obama lidera em número de delegados, votos populares e encosta em superdelegados -e esses proeminentes membros do partido devem decidir a indicação, já que nas seis prévias restantes o provável é que a distância entre os dois candidatos continue mais ou menos a mesma, com vantagem para ele.
O senador criticou Hillary por dizer que não acreditava que seus eleitores apoiariam o candidato, se ele fosse o escolhido -e vice-versa. "Eu discordo", disse ele.
Boca-de-urna feita pela emissora CNN em Indiana, no entanto, reforça a tese da ex-primeira-dama. Metade dos eleitores de Hillary ouvidos disse que não votará em Obama, um terço afirmou que prefere McCain caso ela não concorra e 17% disseram que não votarão em ninguém. Mais maleáveis se mostraram os eleitores de Obama: 59% votariam em Hillary, se preciso.


NA INTERNET
http://www.folha.com.br/080572

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