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Brazil, no interior de Indiana, espanta tédio com primária democrata
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A BRAZIL
Localizada no interior de
Indiana, onde a prévia partidária não tem peso na disputa
democrata há quase quatro
décadas, a cidade de Brazil,
8.000 habitantes, se mostrava ontem mobilizada, enfeitada com plaquetas pró-Hillary
Clinton e pró-Barack Obama.
Com expectativa de comparecimento recorde, o número de mesários na prefeitura -o maior local de votação da cidade- quase dobrou:
foi de três para cinco, cada um
dos quais recebeu em torno
de US$ 100 pelo trabalho.
E até Chelsea Clinton, filha
de Hillary e Bill, passou por
Brazil para fazer campanha.
"Aqui nunca tem nada para
fazer. Então é muito bom ter
uma eleição, assim temos algo com o que nos entusiasmarmos", diz Marylin Trout,
70, coordenadora da votação.
Os amigos Jordan, 15, Nick,
18, e Jeff, 18, que passaram o
dia em cadeiras de praia em
frente à prefeitura assistindo
ao entra-e-sai da votação, dizem que a cidade é um tédio
só. "Não tem nada para fazer,
temos que dirigir até Indianápolis para sair à noite", diz
Jordan, o único dos três que
sabia alguma coisa sobre o
país Brasil. "Vocês escrevem
com Brasil com "s". E também
sei que gostam de futebol."
"Para os jovens a cidade é
terrível. A única festa que temos é uma festa no inverno,
que fazemos uma semana depois do Dia de Ação de Graças
[em novembro]", diz Marylin
Trout, fazendo injustiça -em
outubro a cidade abriga a Festa Anual da Pipoca (Indiana é
grande produtor de milho).
Na festa a que Trout se refere, os "brazilians" (o mesmo
nome de quem vem do Brasil)
interditam uma rua, decoram
árvores com luzes coloridas e
bebem chocolate quente. Em
seguida, caminham até o
"Chafariz dos Contos", nomeado assim, em português
-os "brazilians" a chamam só
de "a fonte", em inglês.
A obra, cartão-postal da cidade, é réplica de um chafariz
de Ouro Preto e foi um presente do governo brasileiro
em 1954. A manutenção não
está em dia -o mato cresce e
há grande volume de água parada e amarela em sua cuba.
Segundo a prefeitura local,
a cidade foi nomeada Brazil
porque um de seus fundadores havia visitado o país e considerava o nome sonoro.
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