São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008

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Brazil, no interior de Indiana, espanta tédio com primária democrata

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A BRAZIL

Localizada no interior de Indiana, onde a prévia partidária não tem peso na disputa democrata há quase quatro décadas, a cidade de Brazil, 8.000 habitantes, se mostrava ontem mobilizada, enfeitada com plaquetas pró-Hillary Clinton e pró-Barack Obama.
Com expectativa de comparecimento recorde, o número de mesários na prefeitura -o maior local de votação da cidade- quase dobrou: foi de três para cinco, cada um dos quais recebeu em torno de US$ 100 pelo trabalho.
E até Chelsea Clinton, filha de Hillary e Bill, passou por Brazil para fazer campanha. "Aqui nunca tem nada para fazer. Então é muito bom ter uma eleição, assim temos algo com o que nos entusiasmarmos", diz Marylin Trout, 70, coordenadora da votação.
Os amigos Jordan, 15, Nick, 18, e Jeff, 18, que passaram o dia em cadeiras de praia em frente à prefeitura assistindo ao entra-e-sai da votação, dizem que a cidade é um tédio só. "Não tem nada para fazer, temos que dirigir até Indianápolis para sair à noite", diz Jordan, o único dos três que sabia alguma coisa sobre o país Brasil. "Vocês escrevem com Brasil com "s". E também sei que gostam de futebol."
"Para os jovens a cidade é terrível. A única festa que temos é uma festa no inverno, que fazemos uma semana depois do Dia de Ação de Graças [em novembro]", diz Marylin Trout, fazendo injustiça -em outubro a cidade abriga a Festa Anual da Pipoca (Indiana é grande produtor de milho).
Na festa a que Trout se refere, os "brazilians" (o mesmo nome de quem vem do Brasil) interditam uma rua, decoram árvores com luzes coloridas e bebem chocolate quente. Em seguida, caminham até o "Chafariz dos Contos", nomeado assim, em português -os "brazilians" a chamam só de "a fonte", em inglês.
A obra, cartão-postal da cidade, é réplica de um chafariz de Ouro Preto e foi um presente do governo brasileiro em 1954. A manutenção não está em dia -o mato cresce e há grande volume de água parada e amarela em sua cuba.
Segundo a prefeitura local, a cidade foi nomeada Brazil porque um de seus fundadores havia visitado o país e considerava o nome sonoro.


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