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Epidemia de febre aftosa que já matou 26 chega a Pequim
Duas escolas foram fechadas ontem na capital chinesa para evitar contágio
Doença já afetou 12 mil
pessoas; governo tenta
evitar paralelos com surto
da Sars de cinco anos atrás,
que foi escondido por meses
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A epidemia de febre aftosa
humana, que matou 26 crianças na China e já infectou outras 12 mil, chegou a Pequim.
Duas escolas foram fechadas
ontem para evitar o contágio.
A doença é provocada por um
grupo de vírus e costuma se espalhar durante os meses mais
quentes, entre maio e julho, e
pode ser tratada em até uma semana. Mas o vírus EV71 tem
provocado febres altas, paralisia e edema pulmonar.
As condições de alimentação
e higiene na pobre Província de
Anhui também são consideradas responsáveis pela morte da
maioria das vítimas, todas com
menos de seis anos de idade.
O Ministério das Relações
Exteriores ontem garantiu que
o país está fazendo tudo a seu
alcance para conter a epidemia.
E disse que o aumento do número de casos (de 5.000 no domingo a 12 mil ontem) deve-se
à ordem do governo central para que todas as províncias reportem casos da doença.
Há episódios registrados em
seis Províncias. Em Pequim,
são 1.482 casos. Duas crianças
morreram na Província de
Guangdong, no sul da China.
Sombra da Sars
A epidemia começou em
março, mas o governo da Província de Anhui escondeu os casos e negou à imprensa local a
gravidade do problema em
abril, quando 12 crianças já tinham morrido.
O governo chinês corre agora
para evitar qualquer paralelo
com a epidemia da Sars (síndrome de deficiência respiratória aguda) em 2003.
A TV chinesa está mostrando
várias reportagens sobre a epidemia, com entrevistas "com os
bravos médicos e enfermeiras
que estão lutando para cuidar
das crianças", como descreveu
um telejornal nacional.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que o vírus
não deve ser considerado uma
ameaça à Olimpíada de Pequim, mas afirmou que a doença pode se espalhar ainda mais.
Na epidemia de Sars, o governo chinês ocultou informações
até da OMS por mais de quatro
meses e proibiu a imprensa estatal de noticiar o fato.
Ao surgirem os primeiros casos fora das fronteiras chinesas, o que provocou pânico
mundial, o governo chinês pediu desculpas e prometeu que
daria mais abertura a notícias
negativas.
Mais de 800 pessoas morreram e outras 8.000 foram infectadas. Milhões ficaram de quarentena. Acredita-se que o vírus da Sars surgiu do contato
entre animais, como um almiscareiro, com seres humanos,
em Guangdong.
Visita à China
O presidente chinês, Hu Jintao, iniciou ontem a primeira
visita de um chefe do Estado do
país ao Japão em dez anos. A visita simboliza o degelo nas relações diplomáticas entre os dois
países, que ficaram congeladas
nos seis anos do governo do
premiê japonês Junichiro Koizumi, que visitou o templo em
que estão enterrados criminosos da Segunda Guerra.
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