São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008

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Epidemia de febre aftosa que já matou 26 chega a Pequim

Duas escolas foram fechadas ontem na capital chinesa para evitar contágio

Doença já afetou 12 mil pessoas; governo tenta evitar paralelos com surto da Sars de cinco anos atrás, que foi escondido por meses


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A epidemia de febre aftosa humana, que matou 26 crianças na China e já infectou outras 12 mil, chegou a Pequim. Duas escolas foram fechadas ontem para evitar o contágio.
A doença é provocada por um grupo de vírus e costuma se espalhar durante os meses mais quentes, entre maio e julho, e pode ser tratada em até uma semana. Mas o vírus EV71 tem provocado febres altas, paralisia e edema pulmonar.
As condições de alimentação e higiene na pobre Província de Anhui também são consideradas responsáveis pela morte da maioria das vítimas, todas com menos de seis anos de idade.
O Ministério das Relações Exteriores ontem garantiu que o país está fazendo tudo a seu alcance para conter a epidemia. E disse que o aumento do número de casos (de 5.000 no domingo a 12 mil ontem) deve-se à ordem do governo central para que todas as províncias reportem casos da doença.
Há episódios registrados em seis Províncias. Em Pequim, são 1.482 casos. Duas crianças morreram na Província de Guangdong, no sul da China.

Sombra da Sars
A epidemia começou em março, mas o governo da Província de Anhui escondeu os casos e negou à imprensa local a gravidade do problema em abril, quando 12 crianças já tinham morrido.
O governo chinês corre agora para evitar qualquer paralelo com a epidemia da Sars (síndrome de deficiência respiratória aguda) em 2003.
A TV chinesa está mostrando várias reportagens sobre a epidemia, com entrevistas "com os bravos médicos e enfermeiras que estão lutando para cuidar das crianças", como descreveu um telejornal nacional.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que o vírus não deve ser considerado uma ameaça à Olimpíada de Pequim, mas afirmou que a doença pode se espalhar ainda mais.
Na epidemia de Sars, o governo chinês ocultou informações até da OMS por mais de quatro meses e proibiu a imprensa estatal de noticiar o fato.
Ao surgirem os primeiros casos fora das fronteiras chinesas, o que provocou pânico mundial, o governo chinês pediu desculpas e prometeu que daria mais abertura a notícias negativas.
Mais de 800 pessoas morreram e outras 8.000 foram infectadas. Milhões ficaram de quarentena. Acredita-se que o vírus da Sars surgiu do contato entre animais, como um almiscareiro, com seres humanos, em Guangdong.

Visita à China
O presidente chinês, Hu Jintao, iniciou ontem a primeira visita de um chefe do Estado do país ao Japão em dez anos. A visita simboliza o degelo nas relações diplomáticas entre os dois países, que ficaram congeladas nos seis anos do governo do premiê japonês Junichiro Koizumi, que visitou o templo em que estão enterrados criminosos da Segunda Guerra.


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