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Máquina do Estado
atua para colorados
do enviado especial
Funcionárias e equipamentos de
empresas estatais foram flagrados
ajudando nos preparativos para o
comício de encerramento do Partido Colorado, anteontem.
Os jornalistas questionaram o
senador colorado Amado Yambay, que explicou, com toda a naturalidade: "Trata-se de bens do
povo e, como foi o povo que se
manifestou, era lógico utilizá-los".
O flagrante e a frase são um retrato acabado dos métodos utilizados pelo Partido Colorado para
permanecer mais de meio século
no poder.
Agora, na primeira eleição em
que o longo reinado parece de fato
ameaçado, os colorados intensificaram a promiscuidade entre o
aparelho de Estado e o partido.
A ponto de o senador Juan Carlos Galaverna ter pedido ao presidente Wasmosy que, "do gabinete presidencial para baixo", todas
as dependências do Estado se convertam em comitês de campanha.
Wasmosy, marginalizado pelo
partido, dificilmente atenderá o
apelo, até porque sairá derrotado
na hipótese de ganhar seu inimigo,
o general Oviedo, pela interposta
pessoa de Raúl Cubas Grau.
Talvez por isso os colorados
apostem também no que a oposição batiza de "campanha do medo", dirigida em especial aos 180
mil funcionários públicos, 90%
deles filiados ao partido.
Dizem que serão "demitidos a
pontapés", na frase do senador
Emílio Cubas Grau (irmão de
Raúl) e do vice-presidente colorado, Bader Rachid Lichi.
É um contingente ponderável:
representa quase 9% do eleitorado
total (2,049 milhões). Somado ao
de suas famílias, o voto do funcionalismo pode dar a vitória ao candidato pelo qual se inclinar.
A Aliança Democrática acusou o
golpe. Sua bancada parlamentar
fez publicar ontem matéria paga
de página inteira nos jornais para
prometer: "A Aliança não tem a
intenção de despedir nenhum funcionário público".
A "campanha do medo" incluiu
polêmica entre membros do TSJE
(Tribunal Superior de Justiça Eleitoral). O representante colorado,
Expedito Rojas, denuncia a existência de 20 mil atas eleitorais falsificadas, prontas para serem utilizadas, em caso de necessidade,
"contra o Partido Colorado".
"Ele está alucinando", reagiu o
presidente do TSJE, Carlos Mojoli.
Tudo somado, parece claro que
o resultado final da eleição estará
nas mãos dos 260 mil eleitores que
se disseram indecisos nas pesquisas publicadas até há duas semanas, fim do prazo legal. Explica-se,
assim, a caça impiedosa voto a voto neste final de campanha.
(CR)
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