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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Grupo terrorista protesta contra declarações de Mazen em cúpula que relançou diálogo de paz com Israel

Hamas rompe com o premiê palestino

Khalil Hamra/Associated Press
Simpatizantes do Hamas durante manifestação contra o novo plano de paz no campo de refugiados de Rafah, na faixa de Gaza


DA REUTERS

O grupo terrorista palestino Hamas anunciou ontem o rompimento das negociações com o primeiro-ministro palestino, Abu Mazen, sobre o fim de seus ataques suicidas contra Israel, o que pode significar uma séria ameaça ao novo plano de paz regional, que prevê o desmantelamento dos grupos terroristas palestinos.
O anúncio e as subsequentes manifestações de rua durante as quais membros do grupo prometeram mais atentados suicidas contra cidadãos israelenses colocaram o premiê reformista em rota de colisão com os extremistas, aumentando os temores de eclosão de uma guerra civil palestina.
"Nós interrompemos o diálogo com a Autoridade Palestina", disse o fundador e líder espiritual do Hamas, xeque Ahmed Yassin. "Essa é nossa escolha e não há outra alternativa. A resistência [armada] continuará."
Sob pressão para reprimir os terroristas e impedir novos atos de violência contra alvos israelenses, Mazen tenta persuadir o Hamas, responsável pela grande maioria dos ataques contra Israel, a declarar um cessar-fogo.
O plano de paz proposto por EUA, União Européia, Rússia e ONU, foi aceito por Mazen e pelo premiê israelense, Ariel Sharon, durante reunião de cúpula entre os dois líderes e o presidente americano, George W. Bush, na quarta-feira em Ácaba (Jordânia).
O plano pede o fim imediato da violência entre israelenses e palestinos, seguido de medidas para aumentar a confiança entre os dois lados. Ele prevê a criação de um Estado palestino em 2005.
Bush obteve a promessa de Sharon de desmantelar alguns assentamentos israelenses nos territórios palestinos e de trabalhar por um Estado palestino "viável".
Já Abu Mazen comprometeu-se a utilizar todos os recursos para acabar "com a violência e o terrorismo contra Israel" e defendeu o fim da "Intifada armada" (revolta palestina contra a ocupação).
O líder do Hamas considerou as promessas de Mazen "inaceitáveis" e o criticou por ignorar, durante sua fala em Ácaba, algumas das principais reivindicações palestinas, como o retorno dos refugiados e o futuro de Jerusalém. Segundo o plano de Bush, esses temas só devem ser discutidos no final do processo.
"O anúncio do Hamas de que continuaremos a resistência significa que mais ônibus explodirão em Tel Aviv", gritou um membro com megafone num ato em Gaza.
Um ministro do gabinete palestino, Ziad Abu Amr, disse que Mazen evitará um enfrentamento armado com o Hamas, mas seguirá tentando obter o cessar-fogo.
O porta-voz da Casa Branca Scott McClellan qualificou o Hamas como "um inimigo da paz" e pediu a todas as partes envolvidas na região que ajudem a desmantelar a "infra-estrutura do terror".
Não houve comentário por parte das autoridades israelenses.
O Comitê Executivo da Organização pela Libertação da Palestina, que se reuniu em Ramallah, na Cisjordânia, com as presenças de Abu Mazen e do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, expressou preocupação pelo que chamou de novos atos de agressão por parte de Israel após a cúpula na Jordânia.
Desde quarta-feira, forças israelenses mataram dois atiradores do Hamas na Cisjordânia.


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