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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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DIPLOMACIA

Reino Unido prepara proposta de reforma da ONU que incluiria mais membros permanentes no Conselho de Segurança

Candidatura do Brasil ao CS ganha fôlego

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

A candidatura do Brasil a uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas pode ganhar novo fôlego.
O Reino Unido está preparando uma proposta de reforma da ONU com o objetivo de restaurar a credibilidade da instituição, e que prevê ampliar o Conselho, incluindo Alemanha, Japão, Índia, um representante da América Latina e outro da África.
Em entrevista à Folha, Bill Rammell, secretário para a ONU da Chancelaria do Reino Unido, disse que seu país ainda não decidiu qual candidato vai apoiar para a vaga na América Latina, mas fez elogios ao Brasil. Segundo ele, o projeto de mudanças ainda está sendo discutido internamente e será apresentado em breve.
"Ainda não estamos tomando uma decisão. Continuaremos a avaliar isso, mas o Brasil claramente tem boas qualificações e é um dos excelentes candidatos da América Latina", disse Rammell.
A ampliação do Conselho de Segurança vem sendo defendida por outros países, e a candidatura do Brasil para uma das novas vagas foi lançada pela França e apoiada pela Rússia -dois dos cinco membros permanentes do atual Conselho, que inclui além do próprio Reino Unido, China e Estados Unidos. "Qualquer que seja o país escolhido da América Latina e Central, precisa demonstrar que é um líder regional, e certamente o Brasil é um dos líderes dentro da região", avaliou Rammell, que também é responsável pela América Latina e outras áreas dentro do ministério.
Mas os novos integrantes do Conselho de Segurança, segundo o secretário, não poderão ser apenas porta-vozes de sua região e terão que desempenhar um papel mundial. "Os novos membros permanentes teriam que enfrentar os temas difíceis, se engajar em missões de paz, e estar prontos para assumir uma responsabilidade global. Penso que isso é decisivo em termos das características dos membros permanentes do Conselho", observou.
Rammell disse que o Reino Unido há muito tempo defende a proposta de ampliação do Conselho e que discute essas questões "com todos os membros permanentes". Para o secretário, o episódio do Iraque "não matou a ONU, que está muito viva e é relevante", mas ele reconhece que a "reputação e a posição" da entidade foram "danificadas e machucadas".
"Uma das lições que aprendemos com a experiência do Iraque é que precisamos de um conselho ampliado, em termos de seus membros permanentes. Essa sempre foi nossa política, mas o que aconteceu reforçou isso ainda mais. A idéia é que precisamos mais países com experiência e que vão se engajar em um papel global e em missões de paz", disse.
Além da ampliação do Conselho, o Reino Unido também deve propor a criação de um comitê contra a proliferação de armas de destruição em massa, nos moldes do comitê contra o terrorismo, que já existe na ONU.
O embaixador do Brasil no Reino Unido, José Bustani, disse à Folha que acredita em uma evolução positiva das propostas britânicas de reforma da ONU e de um possível apoio do país à candidatura do Brasil.
Segundo o diplomata, esse projeto do Reino Unido é muito importante para reforçar a ONU em um momento em que ela está enfraquecida. "A ONU precisa ser representativa e não pode ser uma instituição moderna sem países como o Japão ou a Índia e também o Brasil, que tem um peso específico inegável em termos de economia e população", disse.


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