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DIPLOMACIA
Reino Unido prepara proposta de reforma da ONU que incluiria mais membros permanentes no Conselho de Segurança
Candidatura do Brasil ao CS ganha fôlego
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
A candidatura do Brasil a uma
vaga no Conselho de Segurança
das Nações Unidas pode ganhar
novo fôlego.
O Reino Unido está preparando
uma proposta de reforma da
ONU com o objetivo de restaurar
a credibilidade da instituição, e
que prevê ampliar o Conselho, incluindo Alemanha, Japão, Índia,
um representante da América Latina e outro da África.
Em entrevista à Folha, Bill Rammell, secretário para a ONU da
Chancelaria do Reino Unido, disse que seu país ainda não decidiu
qual candidato vai apoiar para a
vaga na América Latina, mas fez
elogios ao Brasil. Segundo ele, o
projeto de mudanças ainda está
sendo discutido internamente e
será apresentado em breve.
"Ainda não estamos tomando
uma decisão. Continuaremos a
avaliar isso, mas o Brasil claramente tem boas qualificações e é
um dos excelentes candidatos da
América Latina", disse Rammell.
A ampliação do Conselho de Segurança vem sendo defendida por
outros países, e a candidatura do
Brasil para uma das novas vagas
foi lançada pela França e apoiada
pela Rússia -dois dos cinco
membros permanentes do atual
Conselho, que inclui além do próprio Reino Unido, China e Estados Unidos. "Qualquer que seja o
país escolhido da América Latina
e Central, precisa demonstrar que
é um líder regional, e certamente
o Brasil é um dos líderes dentro da
região", avaliou Rammell, que
também é responsável pela América Latina e outras áreas dentro
do ministério.
Mas os novos integrantes do
Conselho de Segurança, segundo
o secretário, não poderão ser apenas porta-vozes de sua região e terão que desempenhar um papel
mundial. "Os novos membros
permanentes teriam que enfrentar os temas difíceis, se engajar em
missões de paz, e estar prontos
para assumir uma responsabilidade global. Penso que isso é decisivo em termos das características
dos membros permanentes do
Conselho", observou.
Rammell disse que o Reino Unido há muito tempo defende a proposta de ampliação do Conselho e que discute essas questões "com
todos os membros permanentes".
Para o secretário, o episódio do
Iraque "não matou a ONU, que
está muito viva e é relevante", mas
ele reconhece que a "reputação e a
posição" da entidade foram "danificadas e machucadas".
"Uma das lições que aprendemos com a experiência do Iraque
é que precisamos de um conselho
ampliado, em termos de seus
membros permanentes. Essa
sempre foi nossa política, mas o
que aconteceu reforçou isso ainda
mais. A idéia é que precisamos
mais países com experiência e que
vão se engajar em um papel global
e em missões de paz", disse.
Além da ampliação do Conselho, o Reino Unido também deve
propor a criação de um comitê
contra a proliferação de armas de
destruição em massa, nos moldes
do comitê contra o terrorismo,
que já existe na ONU.
O embaixador do Brasil no Reino Unido, José Bustani, disse à
Folha que acredita em uma evolução positiva das propostas britânicas de reforma da ONU e de
um possível apoio do país à candidatura do Brasil.
Segundo o diplomata, esse projeto do Reino Unido é muito importante para reforçar a ONU em
um momento em que ela está enfraquecida. "A ONU precisa ser
representativa e não pode ser uma
instituição moderna sem países
como o Japão ou a Índia e também o Brasil, que tem um peso específico inegável em termos de economia e população", disse.
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