São Paulo, segunda, 7 de julho de 1997.



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ELEIÇÕES NO MÉXICO
Cárdenas lidera
Pesquisa aponta vitória da oposição

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial ao México

As primeiras pesquisas de boca-de-urna a circular na capital mexicana ontem indicavam vantagem do candidato Cuauhtémoc Cárdenas na luta pela Prefeitura da Cidade do México.
O candidato do Partido da Revolução Democrática, de centro-esquerda, oscilava entre 32% e 35% na maior parte delas. Alfredo del Mazo, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que controla o país há 68 anos, variava entre 21% e 25%. O conservador Carlos Castillo, do Partido da Ação Nacional (PAN), entre 17% e 19%.
O Instituto Federal Eleitoral começaria a divulgar os primeiros resultados oficiais das eleições mexicanas após as 22h de Brasília, depois do fechamento desta edição.
Se a vitória de Cárdenas for confirmada, será a primeira vez que a Cidade do México terá um prefeito de oposição ao governo federal. Até aqui ele era nomeado pelo presidente da República.
"Estou confiante, mas saberei aceitar o resultado das urnas, seja ele qual for", afirmou Cárdenas, após votar no período da manhã.
Derrotado duas vezes para a Presidência da República, em 1988 e 1994, Cárdenas diz que pretende manter uma boa relação com o atual presidente, Ernesto Zedillo.
"Nós nos respeitamos muito e saberemos fazer o melhor pela cidade", disse.
Certeza da vitória
Na véspera da eleição, a certeza da vitória era tanta que o candidato do PRD chegou a se reunir com integrantes do governo municipal para discutir a transição.
O principal tópico tratado na reunião foi o Plano Popocatépetl, que estabelece os procedimentos a tomar caso o vulcão, localizado a cerca de 50 km do centro da capital mexicana entre em atividade.
Com ajuda do governo federal, estão sendo erguidos 1.500 albergues para as mais de 13 mil pessoas que moram nas redondezas.
O candidato do PRI, Alfredo del Mazo, negava-se ontem a assumir a derrota nas eleições.
"Tenho certeza de que venceremos. O povo está conosco", afirmava, tendo como base uma pesquisa de seu partido que indicava que ele sairia com um saldo de 1,6 milhão de votos num eleitorado de cerca de 5 milhões.
Além da possível derrota no Distrito Federal, o PRI corre risco de perder a maioria na Câmara.
De acordo com as últimas pesquisas, o partido elegeria cerca de 200 dos 500 novos deputados, o que obrigaria o presidente Zedillo a negociar com a oposição.
No Senado, porém, o partido governista desfruta de uma situação mais confortável, já que serão eleitos agora apenas 32 novos representantes, juntando-se a outros 96, cuja maioria é do governo.
Prestação de contas
O PRI está desconfiado dos gastos na campanha eleitoral do PRD, principalmente os efetuados na capital mexicana.
Fernando de Garay y Arenas, representante do partido do governo no órgão responsável pelo processo eleitoral, decidiu fazer um pedido de auditoria nas contas do partido adversário.
Segundo Garay e Arenas, há fortes indícios de que o partido de centro-esquerda superou o limite estabelecido por lei nos gastos de campanha.
A assessoria de Cárdenas negou-se a comentar o episódio.
Apesar das acusações, o partido que mais força econômica mostrava na capital era o PRI, com cerca de 110 mil pessoas no trabalho de boca-de-urna. O PRD juntou 40 mil, e o conservador PAN, 20 mil.
Em algumas cidades do interior, PRD e PAN, independente de suas divergências políticas e ideológicas, uniram-se no processo de apuração e fiscalização dos votos.
Além dos prefeitos, a votação de ontem elegeria também governadores de seis Estados (Nuevo León, San Luis Potosí, Campeche, Querétano, Colima e Sonora).



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