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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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EUROPA TROPICAL

Alta temperatura causa problemas nos transportes públicos, pois cidade não está preparada para enfrentá-la

Londres registra calor recorde de 35,3C

Kieran Doherty/Reuters
Adolescentes se refrescam em fonte de um parque de Londres, que registrou temperatura recorde de 35,3ºC; clima gera problemas


MARIA LUIZA ABBOTT
DE LONDRES

A temperatura atingiu ontem 35,3C em Londres, a mais alta registrada na cidade desde a criação do London Weather Center (centro de meteorologia), em 1959. Pouco para quem já passou um verão no Rio de Janeiro, mas demais para uma cidade que não está preparada para enfrentar o calor. Poucos prédios têm ar-condicionado, hospitais estão alugando unidades de refrigeração, e poucas casas têm ventiladores.
"Nunca senti tanto calor. Nem no Rio", diz Carolina Matos, que faz doutorado em Londres. "A cidade não tem estrutura para isso. As janelas são pequenas e não abrem direito, e os ônibus não têm ar-condicionado."
Os trilhos dos trens não foram construídos para suportar essas temperaturas e correm o risco de entortar, o que obrigou as empresas ferroviárias a diminuir a velocidade dos trens, provocando atrasos de mais de uma hora.
No metrô, a temperatura ultrapassa os 32,5C. O prefeito de Londres, Ken Livingstone, instituiu um prêmio de 100 mil libras (cerca de R$ 500 mil) para quem apresentar uma solução para refrigerar o metrô.
Na cidade de Leicester, um juiz suspendeu um julgamento por causa da temperatura de 30C dentro da corte. Sindicatos pediram que o governo baixe uma lei que obrigue os patrões a mandar os empregados para casa se a temperatura ultrapassar os 30C nos locais de trabalho.
No zoológico de Londres, os animais sofrem. Os tratadores começaram a dar picolés de peixe, de ervas ou de frutas para os pinguins, os tigres e os macacos. Alguns animais receberam protetor solar para evitar queimaduras.
Os estoques das lojas não estão dando conta da demanda por ventiladores e aparelhos portáteis de refrigeração. Despencou a venda de galinha assada e de sopa, muito populares quando as temperaturas andam na casa dos costumeiros 20C do verão londrino.
Os parques estão lotados de londrinos, que tentam adquirir um bronzeado tão raro quanto inesperado para quem ainda não saiu de férias. As fontes de Trafalgar Square foram invadidas.
A carioca Carolina Matos tentou se refrescar em uma piscina de um dos centros de lazer que existem na cidade (todos com piscinas cobertas, preparadas para enfrentar o inverno), mas não conseguiu entrar, pois a fila estava provocando uma espera de mais de uma hora.
Mas nem todos reclamam, apesar do sofrimento inesperado. "Daqui a quatro meses, estaremos congelando de frio. Vamos aproveitar enquanto dá para usar roupas leves e andar de pés descalços dentro de casa", diz a britânica Patricia Margaret.


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