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IRAQUE SOB TUTELA
Insurgentes xiitas falam em 36 mortos e pedem trégua; pelo menos 13 civis morrem e 58 são feridos
Americanos dizem ter matado 300 em Najaf
DA REDAÇÃO
O recrudescimento dos combates entre as forças dos EUA e a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr na região de Najaf (sul
do Iraque) resultou na morte de
cerca de 300 insurgentes em dois
dias, declarou ontem um comandante americano na região. Os rebeldes contestaram o número, dizendo que houve 36 mortes.
Segundo hospitais, os combates
também deixaram ao menos 13
civis mortos e 58 feridos.
Ante violência e à guerra de informações -os dois lados se acusam pelo rompimento da trégua
que manteve o majoritariamente
xiita sul do Iraque relativamente
calmo por dois meses-, Al Sadr
voltou a exortar seus seguidores a
combater as forças americanas.
"Vocês tomaram esse caminho
[de combater os EUA] e agora
têm de enfrentar os perigos e os
obstáculos. O paraíso não vem de
graça", declarou Al Sadr, em
mensagem lida por um assessor
num sermão em Kufa, vizinha a
Najaf. "Não esperem que eu suba
neste púlpito e lhes dê instruções.
O inimigo me espreita em todos
os lugares. Não deixem que minha morte os desuna."
Os combates dos últimos dias
puseram fim ao acordo firmado
entre as forças dos EUA e a milícia
de Al Sadr, o Exército Mehdi, após
um levante xiita ao qual se seguiram ações americanas. Em abril e
maio, cerca de 20 soldados e 350
insurgentes morreram na região.
O fim da trégua representa uma
séria ameaça à estabilidade do governo interino do Iraque, que já
enfrenta focos de violência em cidades sunitas e na capital. A presença de uma Força Multinacional de 160 mil militares sob comando americano, que segue no
país apesar da devolução oficial
da soberania iraquiana, tampouco consegue manter a segurança.
Recuo
A violência recrudesceu anteontem quando os marines acorreram em socorro de policiais iraquianos após um ataque contra
uma delegacia na cidade, segundo
os americanos. A milícia acusa os
EUA de iniciarem os combates.
Porta-vozes de Al Sadr repetiram a oferta de trégua da véspera.
"Como eu disse em nome de Al
Sadr, queremos retomar da trégua", disse Mahmud al Sudani a
repórteres. Os EUA dizem não ter
recebido nenhuma proposta.
Segundo o coronel Gary Johnston, da 11ª Unidade Expedicionária dos Marines, que atua na região, dois militares foram mortos
em combate e 12 foram feridos.
"O número de baixas inimigas é
de 300 mortos em ação", disse.
Johnston afirmou que o Exército Mehdi estava mal coordenado
e atirou a esmo contra marines
pesadamente armados, que contavam com o apoio de caças F-16,
helicópteros e aviões AC-130.
Dentro da cidade, sagrada para
os xiitas, rebeldes com fuzis e granadas-foguetes seguiram patrulhando as ruas. Tendas no mercado emanavam fumaça, e tiros
eram ouvidos em vários pontos.
O governador da Província afirmou que os rebeldes mortos chegaram a 400, e que mil foram presos. Ele disse que iranianos se uniram ao Exército Mehdi e lhes deu
24 horas para deixarem a cidade.
Soldados britânicos e italianos
também enfrentaram a milícia
em Basra, Amarah e Nassiriah,
onde seis insurgentes morreram.
Em Bagdá, confrontos nos dois
principais bairros xiitas, Sadr City
e Shoula, resultaram na morte de
20 iraquianos e 114 feridos, segundo o Ministério da Saúde.
Também ontem, Amã anunciou que quatro jordanianos foram capturados na região de Ramadi (oeste), dando continuidade à onda de seqüestros de estrangeiros que eclodiu em abril.
O principal líder xiita do Iraque,
grão-aiatolá Ali al Sistani, 73, desembarcou em Londres para se
submeter a um tratamento cardíaco. Um assessor disse que é a
primeira vez que o clérigo moderado manifesta o problema.
Com agências internacionais
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