São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2007

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Moscou amplia sua influência na Ásia por meio da venda de armamentos

DONALD GREENLEES
DO "NEW YORK TIMES", EM HONG KONG

A caminho da cúpula anual com os líderes da região Ásia-Pacífico, na Austrália, o presidente Vladimir Putin, da Rússia, marcou uma breve parada em Jacarta, ontem, onde assinou um contrato de armas de US$ 1 bilhão que inclui o fornecimento de dois submarinos classe Kilo à Indonésia.
A transação se segue à assinatura de acordos anteriores para a venda de caças Su-27 e Su-30 à Indonésia, Malásia e outros países da região, o que ajuda a reforçar a posição da Rússia como maior fornecedor de armas na Ásia.
Depois de executar uma retirada estratégica da região, quando do esfacelamento do império soviético, em 1991, os analistas dizem que a Rússia agora está executando um retorno firme, o que poderia ter impacto significativo sobre o ambiente estratégico do Leste Asiático e do Pacífico nas duas próximas décadas.
De acordo com o mais recente relatório do Centro de Pesquisa do Congresso norte-americano sobre a corrida armamentista mundial, os EUA são o maior vendedor de armas do mundo, seguidos pela França. A Rússia ocupa a terceira posição, mas já lidera na Ásia.
O país tem planos ambiciosos e de longo prazo para restaurar as forças de sua frota no Pacífico, que foi praticamente eliminada, e de suas unidades militares no Extremo Oriente. E também passará a ocupar posição cada vez mais vital para a segurança energética da Ásia, ao passar a direcionar para lá proporção maior de suas exportações de petróleo e gás.
Muraviev, analista estratégico da Universidade Curtin de tecnologia, na Austrália, disse que uma das manifestações mais claras do objetivo russo de fazer do país "de novo uma das potências do Pacífico" era o uso crescente das exportações de armas para obter vantagens diplomáticas e comerciais e o anúncio de planos de reforço significativo do poderio de combate das unidades militares estacionadas na Ásia.
Entre 1998 e 2005, a Rússia fechou acordos para a venda de US$ 29,1 bilhões em armas aos países asiáticos, respondendo por 37% do mercado da região, de acordo com o Centro de Pesquisa do Congresso norte-americano. Os novos contratos de vendas de armas assinados pelos EUA no período respondem por um quarto do mercado.
O consumo de equipamento militar russo vem sendo liderado por dois tradicionais clientes do país, China e Índia. A Rússia vem aprofundando o relacionamento com ambas as nações por meio do estabelecimento de programas conjuntos. Mas também está procurando por novos clientes.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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