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Bolívia enfrenta protestos violentos
Confronto levaria governo a propor o fechamento da Constituinte, um dos principais projetos de Morales
Violência de ontem teve como estopim disputa entre Sucre e La Paz para ser sede do governo federal; mais de cem pessoas ficaram feridas
France Presse
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Universitários que tentavam impedir sessão da Constituinte e policiais se enfrentam em Sucre; governo culpou grupo de extrema direita pelo início dos choques
DA REDAÇÃO
A disputa entre partidários
de Sucre e de La Paz pela redefinição da capital plena da Bolívia desembocou ontem em novos e violentos choques entre
policiais e manifestantes, com
saldo de mais de cem feridos e
ao menos oito presos no departamento de Chuquisaca, cuja
capital é Sucre.
Na Assembléia Constituinte,
os trabalhos de redação da nova
Carta foram suspensos após
um ataque com coquetéis molotov contra o prédio histórico
que abriga os constituintes,
também em Sucre.
Citando fontes parlamentares, a agência Efe informou ontem à noite que a violência levou o vice-presidente Álvaro
García Linera a apresentar ao
Congresso, em La Paz, um projeto para o "fechamento temporário" da Constituinte, um
dos principais projetos do presidente Evo Morales para "refundar" o país por meio de uma
nova Carta.
Desde que os constituintes
eleitos tomaram posse, há 13
meses, os trabalhos não avançam devido a divergências entre o MAS (Movimento ao Socialismo), partido de Morales, e
a oposição. O MAS tem maioria
na Constituinte, mas não os
dois terços necessários para
aprovar os artigos constitucionais mais espinhosos. "Neste
momento Sucre está em confronto e a Assembléia não
avança", disse à Efe o senador
governista Guido Guardia.
O ataque de ontem à sede da
Assembléia Constituinte foi
atribuído pelo governo à União
Juvenil Cruzenhista, organização de extrema direita do departamento de Santa Cruz, governado pela oposição.
Depois que a bancada do
MAS vetou na Constituinte a
proposta de transferência dos
poderes Legislativo e Executivo de La Paz para Sucre -que já
abriga o Judiciário-, em 15 de
agosto, lideranças regionais e
estudantes começaram a protestar contra a decisão.
Na semana passada, uma greve convocada pela oposição em
seis dos nove departamentos
do país também gerou violência. Pressionado pelos confrontos, o governador pró-Morales
de Chuquisaca, David Sánchez,
anunciou na última sexta-feira
sua renúncia ao cargo.
Ontem, as TVs locais mostraram centenas de jovens lançando pedras, bombas incendiárias
e foguetes contra a polícia, que
respondeu com gás lacrimogêneo e tiros de borracha.
O Comitê pela Capitalidade
Plena de Sucre afirmou que a
polícia atacou os manifestantes
durante uma vigília contra a
Constituinte. O comitê informou que o Seguro Social Universitário atendeu 57 feridos, e
os hospitais receberam 83 pessoas intoxicadas com gás lacrimogêneo e 24 feridos com balas
de borracha.
Uma das condições dos dirigentes de Sucre para negociar
com o governo é que os trabalhos da Constituinte não sejam
retomados antes de um acordo.
A violência de ontem coincidiu ainda com um ultimato dos
"movimentos cívicos" de seis
departamentos, reunidos na
autodenominada Junta Democrática, que ameaçam iniciar
uma greve de fome na segunda-feira caso o governo não permita a discussão sobre a capital na
Constituinte.
A data é a mesma escolhida
por Morales para tentar juntar
cem mil simpatizantes em Sucre, como um sinal de força
diante da oposição.
Com France Presse e Efe
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