São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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Viúvo de Benazir é eleito presidente do Paquistão

Asif Zardari será primeiro chefe de Estado civil no país após nove anos de ditadura

Oposição reconhece a derrota; eleição consolida o poder do PPP, que deve manter aliança militar com os EUA, apesar de ataque

DA REDAÇÃO

O controvertido viúvo da ex-premiê Benazir Bhutto, Asif Ali Zardari, será o próximo presidente do Paquistão depois de ter vencido o pleito de ontem por grande diferença, segundo os primeiros resultados não-oficiais. A eleição presidencial foi indireta, e o líder do PPP (Partido do Povo Paquistanês) obteve 481 dos 702 votos dos membros do colégio eleitoral, formado pelos parlamentares nacionais e representantes de assembléias provinciais.
Em segundo lugar, ficou Saeeduzzaman Siddiqui, ex-presidente da Suprema Corte, com 153 votos. A eleição é considerada a última etapa para a consolidação do PPP no poder.
"O resultado é correto e tem que ser respeitado. O tempo dirá se suas políticas são acertadas", afirmou Siddiqui, candidato da Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz, partido do ex-premiê Nawaz Sharif, que rompeu a coalizão parlamentar com o PPP há duas semanas.
Zardari substituirá o general reformado Pervez Musharraf, que tomou o poder num golpe de Estado em 1999 e renunciou no mês passado.
A lembrança de Benazir, morta em atentado terrorista em dezembro, logo depois de voltar de exílio de oito anos, esteve presente durante toda a sessão. "Vida longa, Bhutto", gritaram os deputados, após os resultados. Mas o dia foi também marcado pela violência. Um carro-bomba matou 30 pessoas e feriu cerca de 70 pessoas, a nordeste de Peshawar.
Atual líder do PPP, que se tornou o maior partido no Parlamento após as eleições legislativas de fevereiro, Zardari disse que sua eleição "sela a vitória da democracia sobre a ditadura". Mas há dúvidas sobre a estabilidade da coalizão parlamentar liderada pelo seu partido e sobre sua própria história pessoal e política.
Zardari foi acusado de corrupção na época em que Benazir estava no poder, o que lhe rendeu o apelido de "Senhor 10%", além de uma pena de 11 anos de prisão, da qual foi anistiado em manobra conduzida na Justiça por Musharraf -quando este foi pressionado pelos EUA a permitir a volta de Benazir do exílio.
Ele assume a Presidência num momento crítico. A economia do país enfrenta altos níveis de inflação e taxas de crescimento declinantes. Os atentados a bomba realizados por fundamentalistas islâmicos se tornaram mais intensos desde que o Paquistão se aliou aos EUA na "guerra contra o terror", em 2001. Para piorar, na quarta-feira, um ataque norte-americano em território paquistanês fez 15 mortos.
Como sua mulher, Zardari é considerado pró-Ocidente e não é esperado que ele mude a aliança com os EUA. O novo chefe de Estado prometeu dar ao Parlamento parte das prerrogativas que Musharraf havia acumulado. O presidente tem poder para dissolver o Parlamento, nomear chefes das Forças Armadas e comanda o comitê civil-militar que controla o arsenal nuclear do país, que testou a bomba nos anos 90.


Com agências internacionais



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