São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2001

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Empresa demite funcionários desaparecidos

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A Cantor Fitzgerald, uma das empresas mais diretamente atingidas pelo ataque terrorista ao World Trade Center, demitiu seus funcionários desaparecidos. Dos 1.000 empregados da corretora, pelo menos 700 estão nas listas dos possíveis óbitos da polícia, entre eles dois brasileiros.
Desde o dia 15 de setembro, quatro dias depois do atentado, esses funcionários foram cortados da folha de pagamento. Cada família terá direito a um cheque com o total de dias trabalhados no mês (11) e teve o seguro médico garantido até o fim de outubro.
Além disso, devem receber o que manda a lei nova-iorquina a título de indenização: um cheque com o dobro do que o parente desaparecido ganhou no ano passado, desde que o total não ultrapasse o teto de US$ 100 mil.
A decisão foi tomada pelo polêmico proprietário da Cantor, Howard Lutnick, que perdeu o irmão no atentado. Ele é tido em Wall Street como um negociador implacável e ousado. Em entrevista no começo da semana, afirmou que sentia muito por ter de fazer os cortes devido às perdas fenomenais da empresa. Lutnick não estava na empresa na hora do ataque porque havia levado o filho à escola no primeiro dia de aula.
Os 700 desaparecidos deixaram cerca de 2.500 parentes diretos, entre eles 1.500 crianças. A Cantor ocupava os andares 101º, 103º, 104º e 105º da torre norte, exatamente onde se chocou o primeiro avião, às 8h45. Antes do ataque, a empresa era responsável pela corretagem de 25% dos US$ 300 bilhões movimentados diariamente em títulos do Tesouro americano em Nova York.
.Os paulistanos Ivan Kiryllos Barbosa, 30, e Anne Marie Sallerin Ferreira, 29, trabalhavam na corretora e estão entre os nove desaparecidos da lista oficial do consulado brasileiro. Seus parentes não falam com a imprensa desde a missa em homenagem a eles, há duas semanas.


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