São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Soldados obrigam civis a segui-los em incursões

Justiça de Israel proíbe Exército de usar palestinos como "escudos"

DA REDAÇÃO

O Exército de Israel terá de parar de usar civis palestinos como "escudos humanos" em operações contra supostos terroristas. Uma decisão de ontem da Suprema Corte do país aceitou a alegação de grupos de direitos humanos de que a prática contraria o direito internacional.
O juiz da Suprema Corte Aharon Barak classificou o costume militar como "cruel" e "bárbaro".
Quando faz busca de suspeitos em casas palestinas, o Exército leva civis para bater à porta ou entrar na casa antes dos soldados. Um civil morreu nessa situação e dezenas já ficaram feridos.
Ativistas de direitos humanos citam o caso de um menino de 13 anos que foi em 2004 amarrado ao capô de um jipe militar durante protestos na Cisjordânia em que palestinos atiravam pedras.
"O verdadeiro teste será a implementação. Não é suficiente apenas lançar uma norma", disse Sarit Michaeli, porta-voz do grupo israelense de direitos humanos B'Tselem. "É crucial que o Exército notifique todos os soldados sobre o assunto, única forma de eliminar comportamentos ilegais."
Já havia uma ordem temporária contra a prática, expedida pela corte em 2002. O texto da ordem anterior, que permitia a ajuda espontânea de civis nas operações de busca, dava supostamente margem a abusos.
"Preocupa-me que, quando o Exército chega no meio da noite, ninguém se recuse a cooperar por medo", acrescentou Barak à decisão. "Em 99% dos casos, não é livre e espontânea vontade."
O chefe do Exército, Dan Halutz, ordenou às tropas que a nova regra seja posta em prática imediatamente. "Espera-se que os soldados relatem aos superiores qualquer violação", disse Halutz, segundo a Rádio Israel.
O Exército havia utilizado o argumento de que os civis preveniriam mortes desnecessárias, mas a corte considerou que "é obrigatório separar residentes inocentes da área de ações hostis".
Setores temem que a medida dificulte o combate ao terrorismo. Effie Eitam, parlamentar e ex-general, afirmou: "A norma deixa o Exército de mãos amarradas".

Professor é seqüestrado
O professor Ahmed Abdel Karim, 47, chefe do Departamento de Engenharia da Universidade A-Najah, em Nablus, foi levado de sua casa na Cisjordânia ontem por homens armados. Karim é conhecido por suas relações com o grupo terrorista Hamas.


Com agências internacionais

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