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Favorito em pleito evita tomar partido em crise hondurenha
Maioria dos candidatos defende que eleições aconteçam de qualquer maneira
Pesquisa encomendada por Partido Nacional mostra que sociedade está dividida entre Zelaya e golpistas, mas deseja ir às urnas
DA ENVIADA A TEGUCIGALPA
Em meio à polarização política do país, os principais candidatos às eleições presidenciais
de Honduras são unânimes em
defender que as eleições marcadas para 29 de novembro não
sejam adiadas.
A posição é defendida nas
reuniões que têm mantido nos
últimos dias com mediadores
internos e externos da crise.
Apesar disso, com a exceção
dos dois representantes da resistência ao golpe, os outros
quatro candidatos tentam se
manter longe das perdas políticas de se declararem pró-governo golpista ou pró-Zelaya.
"Não vou tomar partido por
[Roberto] Micheletti nem por
[Manuel] Zelaya, mesmo que
me massacrem", diz Porfirio
Lobo, do Partido Nacional, que
perdeu para Zelaya em 2005 e
hoje aparece como favorito. Pepe Lobo, como é conhecido, diz
enfrentar diariamente pressões de evangélicos, católicos,
empresários e políticos para
que se posicione.
Seu principal adversário, Elvin Santos, do Partido Liberal
(o mesmo de Zelaya e Micheletti), oficialmente se diz neutro, mas em conversas privadas
tem posição pró-golpe. Santos
foi vice-presidente até 2008,
quando brigou com Zelaya. Ele
defende que o presidente deposto seja julgado pelos supostos crimes cometidos durante
seu mandato.
Também participam das negociações o ex-dirigente sindical Felícito Avila, candidato pelo Partido da Democracia Cristã, e Bernard Martínez, da sigla
Pinu.
Os dois se manifestaram na
segunda-feira publicamente
contra um adiamento do processo eleitoral, proposto por
Zelaya. "Não cabe ao governo
definir a data das eleições", disse Avila. "O processo eleitoral é
responsabilidade de um tribunal independente, e isso não está na mesa de negociações",
afirma Pepe Lobo.
Os dois candidatos da chamada resistência, que luta pela
volta de Zelaya, Carlos Reyes,
sem partido, e César Ham, deputado pela esquerdista Unificação Democrática, dizem não
aceitar eleições enquanto o governo golpista estiver no poder.
Reyes, candidato escolhido de
Zelaya, reiterou ontem que poderá não participar do pleito,
caso a democracia não seja restabelecida.
Pesquisa
Uma pesquisa do Partido Nacional realizada no dia 4 de outubro retrata a divisão do país.
Segundo os dados, 80% da população se diz favorável às eleições, enquanto 12% dizem que
elas não são necessárias.
O percentual da população
que veria Zelaya negativamente é de apenas 3%, contra 34%
de Micheletti. Mas 54% dos
hondurenhos têm uma imagem negativa do presidente venezuelano, Hugo Chávez, aliado de Zelaya. O partido não divulgou a margem de erro.
Ainda segundo a pesquisa,
55% dos hondurenhos são contra uma mudança na lei que
permita a Zelaya se reeleger.
Outros 28% seriam a favor. A
retirada do presidente deposto
do país após o golpe, erro reconhecido ontem por Micheletti,
é condenada por 53% dos entrevistados.
O item que mostra a maior
divisão interna é o retorno de
Zelaya à Presidência: 44%
acham que ele não deve voltar
ao cargo, enquanto 50% são favoráveis. O percentual restante
se refere a indecisos ou àqueles
que não quiseram opinar.
Sobre as intenções de voto,
Pepe Lobo estaria hoje, conforme a pesquisa de seu partido,
com 42%, contra 15% de Elvin
Santos (PL). Reyes somaria
7,25% e os demais ficam em
torno de 1%. Não há segundo
turno em Honduras -o candidato mais votado vence.
(ANA FLOR)
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