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EUA
Vitória de republicanos na Câmara e no Senado dará a Bush todos os meios para fazer aprovar sua agenda conservadora
Eleição dá a Bush maioria no Congresso
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O presidente George W. Bush
obteve uma vitória significativa
nas eleições de anteontem nos
EUA e assumiu o controle de todos os meios necessários para levar adiante a sua agenda conservadora. Seu partido recuperou o
controle do Senado, aumentou a
maioria que hoje detém na Câmara dos Representantes e ganhou o
governo em alguns Estados onde
a disputa era mais acirrada.
Considerando o alinhamento
ideológico entre a Casa Branca e a
maioria conservadora na Suprema Corte, é a primeira vez, desde
1929, que um presidente americano detém apoio dos três Poderes.
Também é a primeira vez na história que um um presidente republicano consegue elevar a bancada de seu partido na Câmara nas
eleições realizadas no meio do
mandato presidencial. Os únicos
que haviam obtido tal feito eram
democratas -Franklin Roosevelt
em 1934 e Bill Clinton em 1998.
A vitória republicana no Senado
foi confirmada durante a madrugada, depois que a candidata democrata pelo Missouri, Jean Carnahan, reconheceu sua derrota
para o republicano Jim Talent.
Até o final da tarde de ontem, os
republicanos tinham pelo menos
51 das 100 cadeiras no Senado, antes controlado pelos democratas.
Os únicos Estados ainda indefinidos não poderão salvar os democratas: a Louisiana, onde haverá
segundo turno, em 7 de dezembro, e Dakota do Sul, onde deve
haver recontagem de votos.
Na Câmara, os republicanos
ampliaram de 223 para 227 a sua
bancada. Os democratas caíram
de 210 para 206. Três distritos não
haviam terminado a apuração.
Democratas e republicanos reconheceram que os fatores de desequilíbrio nas eleições foram a
popularidade adquirida por Bush
depois dos atentados de 11 de setembro e seu empenho em ajudar
os candidatos republicanos.
"Ficou claro que o presidente
desempenhou um papel muito
construtivo nos bons resultados
registrados pelo Partido Republicano, e o fato do partido não ter
perdido vagas nas eleições de
meio mandato é histórico", disse
ontem o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, adiantando a
agenda que Bush vai implementar
a partir da posse do novo Congresso. "Muitas iniciativas estavam emperradas no Senado. Agora, vão caminhar."
Fleischer mencionou a criação
do Departamento da Segurança
Interna, o veto à clonagem humana, a aprovação de um programa
de assistência conduzido por entidades religiosas, a nomeação de
50 juízes conservadores e a aprovação de uma lei permitindo a
companhias de energia driblarem
restrições ambientais.
"Tratou-se de um plebiscito sobre a liderança, e o povo americano disse: "Sim, confiamos nesse
homem'", disse o líder republicano do Senado, Trent Lott, referindo-se a Bush.
Para o presidente do Partido
Democrata, Terry McAuliffe,
Bush definiu as eleições. "O presidente conseguiu esticar sua popularidade até as eleições. Ele foi determinante para a nossa derrota."
O resultado abriu crise no Partido Democrata, incapaz de fazer
oposição eficaz. "Ainda somos a
oposição, tentaremos fornecer os
contrapesos necessários numa
democracia", disse o líder no Senado, Tom Daschle. "Agora, Bush
não terá como nos culpar pelas
coisas que dão errado."
Em razão da derrota, o deputado democrata Peter Deutsch pediu a renúncia dos líderes de seu
partido. Dick Gephardt, líder democrata na Câmara, deve anunciar hoje que não buscará a reeleição para o cargo, abrindo uma
disputa interna por sua sucessão.
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