|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÃO NOS EUA
Maioria republicana no Congresso deve fortalecer apoio ao Plano Colômbia e dificultar relações com Cuba
Resultado afeta mais Colômbia que Brasil
DE WASHINGTON
A vitória do presidente George
W. Bush nas eleições gerais tem
um significado especial para a
América Latina, principalmente
para países como Colômbia, Chile
e Cuba. Para o Brasil, no entanto,
o impacto deverá ser pequeno.
A consequência mais imediata é
que a Casa Branca poderá finalmente completar a nomeação do
polêmico subsecretário de Estado
para Assuntos Interamericanos, o
cubano-americano Otto Reich.
É o posto mais importante do
Departamento de Estado para a
região. Os senadores democratas
estavam barrando a aprovação de
Reich devido a seu envolvimento
com operações ilegais na América
Central na administração Reagan
(1981-89). Reich havia sido recomendado para o cargo pelo irmão
do presidente, Jeb Bush, reeleito
anteontem governador da Flórida
com o apoio da comunidade cubana. Reich, um anticastrista radical, tem ocupado o cargo por
meio de um mecanismo de nomeações emergenciais.
Para o Brasil, os efeitos seriam
limitados, mais simbólicos.
"A relação bilateral não muda",
disse o embaixador brasileiro em
Washington, Rubens Barbosa.
Segundo ele, as questões que interessam a Bush e afetam o Brasil,
como a TPA (Autoridade para
Negociação Comercial) e a Lei
Agrícola, já foram aprovadas.
No entanto há quem veja na vitória dos republicanos um significado especial para o governo do
presidente eleito do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva. "Como Lula,
Bush obteve legitimidade nas urnas", disse o vice-presidente do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) e ex-ministro
do Trabalho, Paulo Paiva. "Os
dois vão presidir as negociações
da Alca (Área de Livre Comércio
das Américas) com respaldo de
suas sociedades e com a capacidade de fazer ofertas reais."
Já Colômbia e Chile serão especialmente afetados, disse à Folha
Miguel Diaz, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Para a Colômbia, o resultado deverá facilitar o processo anual por
meio do qual o Congresso americano renova ou não a ajuda militar ao país. "O Senado vinha colocando restrições ao Plano Colômbia, impedindo uma colaboração
mais ativa no combate à narcoguerrilha e levantando questões
no campo dos direitos humanos.
Presume-se que isso mude."
Com relação ao Chile, a vitória
republicana abre espaço para a
aprovação do acordo de livre comércio entre os dois países. A base parlamentar contrária ao acordo nos EUA é majoritariamente
democrata.
(MARCIO AITH)
Texto Anterior: Análise: Economia ameaça ofuscar triunfo de Bush Próximo Texto: Irmão do presidente é reeleito na Flórida Índice
|