São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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IRAQUE

Washington muda texto, mas Moscou e Paris reprovam brecha que facilita ataque

Nova resolução dos EUA sofre crítica

DA REDAÇÃO

Os EUA levaram uma versão final revista de sua proposta de resolução da ONU sobre o Iraque ao Conselho de Segurança (CS), ontem, após oito semanas de negociações tumultuadas com aliados temerosos de que a medida possa facilitar uma ação militar americana contra o ditador Saddam Hussein.
A proposta mudou significativamente desde que foi apresentada pela primeira vez, no mês passado, mas a estrutura é a mesma: um regime duro de inspeções de armas aliado a uma ameaça de "consequências sérias" se o Iraque não cumprir suas obrigações.
Apesar de a versão revisada incluir concessões aos críticos de seu texto inicial, ainda permite que os EUA realizem ações militares contra o Iraque sem a necessidade de uma segunda resolução.
Em uma tentativa de amenizar críticas por parte da França e da Rússia, a nova proposta dá a Saddam uma "oportunidade final" de permitir as inspeções.
Mas Catherine Colonna, porta-voz do presidente francês, disse que Jacques Chirac conversou com o presidente russo, Vladimir Putin, e que França e Rússia têm reservas quanto às "ambiguidades" da nova proposta. Eles expressaram sua oposição especialmente a cláusulas que permitem uma ação militar dos EUA sem uma nova resolução.
A nova versão também passa a condicionar uma advertência de "consequências sérias", presente na proposta anterior, a relatórios ao CS de quaisquer falhas do Iraque em permitir as inspeções.
Outra novidade é a afirmação de que o Iraque tem uma "oportunidade final" para cumprir suas obrigações para com o CS.
A proposta anterior dizia que "declarações falsas e omissões" e a não-cooperação integral do Iraque constituiriam mais violações das obrigações iraquianas, e a nova versão diz que essas violações "serão avaliadas" pelo CS.
O CS discutiu a proposta por 90 minutos ontem e deve continuar as negociações hoje. Diplomatas americanos se reuniram ontem com os outros quatro membros permanentes do CS com poder de veto -Rússia, França, Reino Unido e China- antes de mostrar o texto aos dez membros eleitos pela Assembléia Geral.
O embaixador dos EUA na ONU, John Negroponte, disse que queria uma votação sobre a resolução "até o fim da semana". "Acreditamos que essa resolução mereça um consenso." O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse: "Eu preferiria que fosse uma resolução unânime".


Com agências internacionais


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