São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ortega deve reassumir Nicarágua após 16 anos

Apuração parcial indica vitória de líder esquerdista aliado de Chávez no 1º turno

Com apoio de Caracas e sob restrição de Washington, ex-presidente sandinista tinha vantagem de 8 pontos com 40% de votos contados

DA REDAÇÃO

O esquerdista Daniel Ortega, 60, da Frente Sandinista de Liberação Nacional (FSLN), deve voltar à Presidência da Nicarágua após 16 anos, indicam resultados parciais e um levantamento paralelo baseado em números oficiais.
Com 40,43% dos votos apurados até ontem à tarde, Ortega acumulava 40,01% dos votos, contra 32,72% do segundo colocado, o banqueiro Eduardo Montealegre. A apuração da eleição de anteontem tem sido feita de forma lenta, e não havia previsão para terminar.
Já a chamada contagem rápida, realizada pela ONG Ética e Transparência, mostra uma vitória de Ortega por 38,5%, contra 29,5% para Montealegre. A margem de erro do levantamento é de 1,7 ponto percentual, para cima ou para baixo.
A apuração paralela da ONG foi realizada pelos oponentes de Ortega, sob a alegação de que a Corte Suprema Eleitoral é controlada por sandinistas.
Para que não haja segundo turno, é necessário que o vencedor alcance 35% dos votos e tenha uma vantagem mínima de cinco pontos percentuais sobre o segundo colocado.
Se confirmada, a vitória de Ortega expandirá a rede de governos de esquerda alinhados com o venezuelano Hugo Chávez, que ajudou o sandinista na campanha vendendo combustível mais barato a cidades administradas por sandinistas.
Ortega, que governou a Nicarágua de 1985 a1990, disse várias vezes que não é mais o revolucionário marxista que combateu os rebeldes financiados pelos EUA, confronto que deixou 30 mil mortos e arruinou a economia do país.
Mas embora o líder sandinista tenha acalmado seu discurso e prometido manter políticas de livre comércio, os EUA continuam céticos em relação ao seu antigo adversário na Guerra Fria. Washington, que fez campanha aberta contra Ortega, ameaçou suspender a ajuda ao país. Esta é a quarta vez que o ex-presidente tenta voltar ao poder desde 1990.
A disputa presidencial nicaragüense provocou interesse internacional, incluindo uma visita de Oliver North, assessor da Casa Branca durante o escândalo Irã-Contras, nos anos 80, quando se descobriu que os EUA vendiam armas para o Irã e usavam o dinheiro para financiar a operação Contra, de oposição a Ortega.

Primeiras reações
Os partidários de Ortega saíram às ruas em várias cidades do país já comemorando a vitória, na madrugada de ontem. Montealegre, por outro lado, disse que contará "voto a voto" antes de reconhecer a derrota.
Os EUA, que apoiaram explicitamente Montealegre, também disseram que só se pronunciarão após a divulgação dos resultados finais. Anteontem, no entanto, membros de uma comitiva oficial colocaram em dúvida a lisura do processo.
Segundo a missão eleitoral da OEA, as eleições foram limpas, com uma participação de 70% dos cerca de 3,6 milhões de cidadãos inscritos. O voto não é obrigatório no país.
Segundo o Itamaraty, o chanceler Celso Amorim conversou ontem por telefone com o ex-presidente americano Jimmy Carter, que está em Manágua e elogiou as eleições.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Israel: Universitária-bomba fere um; acordo palestino é adiado
Próximo Texto: México: Tribunal eleitoral, partido e banco são alvo de bombas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.