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Ortega deve reassumir Nicarágua após 16 anos
Apuração parcial indica vitória de líder esquerdista aliado de Chávez no 1º turno
Com apoio de Caracas e sob
restrição de Washington,
ex-presidente sandinista
tinha vantagem de 8 pontos
com 40% de votos contados
DA REDAÇÃO
O esquerdista Daniel Ortega,
60, da Frente Sandinista de Liberação Nacional (FSLN), deve
voltar à Presidência da Nicarágua após 16 anos, indicam resultados parciais e um levantamento paralelo baseado em números oficiais.
Com 40,43% dos votos apurados até ontem à tarde, Ortega
acumulava 40,01% dos votos,
contra 32,72% do segundo colocado, o banqueiro Eduardo
Montealegre. A apuração da
eleição de anteontem tem sido
feita de forma lenta, e não havia
previsão para terminar.
Já a chamada contagem rápida, realizada pela ONG Ética e
Transparência, mostra uma vitória de Ortega por 38,5%, contra 29,5% para Montealegre. A
margem de erro do levantamento é de 1,7 ponto percentual, para cima ou para baixo.
A apuração paralela da ONG
foi realizada pelos oponentes
de Ortega, sob a alegação de que
a Corte Suprema Eleitoral é
controlada por sandinistas.
Para que não haja segundo
turno, é necessário que o vencedor alcance 35% dos votos e
tenha uma vantagem mínima
de cinco pontos percentuais sobre o segundo colocado.
Se confirmada, a vitória de
Ortega expandirá a rede de governos de esquerda alinhados
com o venezuelano Hugo Chávez, que ajudou o sandinista na
campanha vendendo combustível mais barato a cidades administradas por sandinistas.
Ortega, que governou a Nicarágua de 1985 a1990, disse várias vezes que não é mais o revolucionário marxista que
combateu os rebeldes financiados pelos EUA, confronto que
deixou 30 mil mortos e arruinou a economia do país.
Mas embora o líder sandinista tenha acalmado seu discurso
e prometido manter políticas
de livre comércio, os EUA continuam céticos em relação ao
seu antigo adversário na Guerra Fria. Washington, que fez
campanha aberta contra Ortega, ameaçou suspender a ajuda
ao país. Esta é a quarta vez que
o ex-presidente tenta voltar ao
poder desde 1990.
A disputa presidencial nicaragüense provocou interesse
internacional, incluindo uma
visita de Oliver North, assessor
da Casa Branca durante o escândalo Irã-Contras, nos anos
80, quando se descobriu que os
EUA vendiam armas para o Irã
e usavam o dinheiro para financiar a operação Contra, de oposição a Ortega.
Primeiras reações
Os partidários de Ortega saíram às ruas em várias cidades
do país já comemorando a vitória, na madrugada de ontem.
Montealegre, por outro lado,
disse que contará "voto a voto"
antes de reconhecer a derrota.
Os EUA, que apoiaram explicitamente Montealegre, também disseram que só se pronunciarão após a divulgação
dos resultados finais. Anteontem, no entanto, membros de
uma comitiva oficial colocaram
em dúvida a lisura do processo.
Segundo a missão eleitoral da
OEA, as eleições foram limpas,
com uma participação de 70%
dos cerca de 3,6 milhões de cidadãos inscritos. O voto não é
obrigatório no país.
Segundo o Itamaraty, o chanceler Celso Amorim conversou
ontem por telefone com o ex-presidente americano Jimmy
Carter, que está em Manágua e
elogiou as eleições.
Com agências internacionais
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