São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2010

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Tensão aguarda tropas do Brasil em missão no Líbano

Hizbollah ameaça atacar a Unifil, da ONU, que vai ter brasileiros em 2011

Motivo é a possível implicação do grupo na morte do ex-premiê Hariri em relatório que a ONU divulgará logo

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Às vésperas de o Brasil assumir o comando da força naval da ONU no sul do Líbano (Unifil), a crescente tensão no país ameaça tornar ainda mais delicada a missão dos capacetes azuis encarregados de patrulhar a região da fronteira com Israel.
Os indícios de que militantes do grupo xiita Hizbollah serão acusados pelo assassinato do ex-premiê Rafik Hariri, morto em 2005, despertaram o permanente temor de nova guerra civil no país.
Há poucos dias, o líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, disse que mandará "cortar as mãos" de quem tentar prender membros do grupo.
Ontem, um político próximo do grupo disse que as forças da ONU não são imunes.
"Podemos confirmar que, se um confronto ocorrer, as tropas da Unifil no Líbano não estarão imunes", disse o líder druzo Wi'am Wahhab, ex-membro do gabinete libanês e aliado do Hizbollah.
Atendendo a um pedido da ONU, o governo brasileiro irá enviar equipe de quatro oficiais e quatro suboficiais da Marinha para comandar os oito navios que patrulham a costa do sul do Líbano.
O comandante já foi escolhido: será o contra-almirante Luiz Henrique Caroli.
Também devem ser enviados entre 150 e 300 integrantes do Exército para remoção de bombas de fragmentação lançadas pelas Forças Armadas de Israel durante a guerra com o Hizbollah, em 2006.
Não há data definida para que o comando brasileiro assuma sua função, pois a decisão ainda precisa ser aprovada pelo Congresso. O mais provável é que isso ocorra no primeiro semestre de 2011.

NERVOS
Mas a entrada do Brasil na Unifil coincide com um momento de nervos à flor da pele no país. Após cinco anos, deve sair ainda neste ano o resultado da investigação da ONU sobre o assassinato de Hariri, num mega-atentado em Beirute em 2005.
Há indícios de que o relatório implicará militantes do Hizbollah, a principal força militar e política do país.
Ante as ameaças do grupo xiita, o atual premiê libanês, Saed Hariri, filho do líder assassinado, se viu encurralado e passou a minimizar o resultado da investigação.
Por outro lado, Hariri é pressionado por aliados a não rejeitar por antecipação o trabalho do tribunal da ONU. O Líbano financia 49% dos custos da investigação.
Pelo cessar-fogo estabelecido após o confronto, o sul do país, na divisa com Israel, passou a ser patrulhado pela Unifil e o Exército libanês, e nenhuma outra força pode ter armas na região, um bastião histórico do Hizbollah.
Poucos têm dúvidas, no entanto, de que o grupo xiita mantém forte presença militar no sul do país.


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