São Paulo, Sábado, 08 de Janeiro de 2000


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GUERRA NA TCHETCHÊNIA
Moscou substitui dois generais que comandavam as operações militares no território
Rússia suspende ofensiva em Grozni

Associated Press
Oficial do Ministério do Interior russo mostra face de homem tchetcheno preso sob a suspeita de pertencer à guerrilha islâmica



das agências internacionais

A Rússia suspendeu temporariamente ontem sua ofensiva militar na capital da Tchetchênia, Grozni, e substituiu dois dos generais que comandavam as operações no território.
O general Guennadi Troshov, subcomandante das forças russas no norte do Cáucaso, anunciou que os ataques em Grozni foram suspensos para proteger a população civil da cidade.
Segundo ele, os guerrilheiros tchetchenos que resistem na capital estão usando os civis como "escudos humanos" e há a ameaça do uso de produtos tóxicos pelos rebeldes.
Troshov disse que ele e o general Vladimir Shamanov, comandante das forças que estão no oeste da Tchetchênia, estavam sendo substituídos.
Apesar da versão oficial para a suspensão da ofensiva, a pausa nos ataques e a substituição dos generais acontecem em um momento em que o país sofre fortes baixas. Cerca de 80 russos teriam morrido nos últimos 10 dias no conflito, segundo a agência de notícias russa "Interfax".
Além disso, militares russos diziam em dezembro que a ocupação de Grozni era uma questão de dias, o que não se confirmou.
A operação para conquistar a capital foi lançada por Moscou no Natal. Alguns pontos da cidade já estão sob controle dos russos, como dois aeroportos (um civil e outro militar), a estação de trem e distritos residenciais no norte e no noroeste de Grozni.
A região central, no entanto, onde estão os edifícios do governo autônomo tchetcheno, continua nas mãos dos rebeldes. A força da resistência tchetchena nesta região tem impedido um avanço maior russo.
Apesar da pausa na ofensiva na capital, os russos continuaram os ataques, principalmente aéreos, nas montanhas ao sul da Tchetchênia, onde estão as maiores bases dos guerrilheiros.
A ofensiva na Tchetchênia interrompeu o período de autonomia no território, iniciado após a guerra de 94-96, que deixou pelo menos 40 mil mortos e forçou a retirada dos russos da região.
A Tchetchênia, formalmente território russo, fica no Cáucaso -área montanhosa do sul do país- e tem maioria muçulmana. No início da ofensiva, os russos diziam que o objetivo era combater guerrilhas islâmicas acusadas de terrorismo na Rússia.
Atualmente, deixam claro que pretendem retomar o controle do estratégico território (por lá passam oleodutos do mar Cáspio).
A ofensiva russa tem amplo apoio popular e é uma das razões para a rápida ascensão política do presidente em exercício, Vladimir Putin, favorito para a eleição presidencial que acontecerá no dia 26 de março. Putin ocupa a Presidência desde a renúncia, no dia 31 de dezembro, de Boris Ieltsin.
Com a substituição dos generais, Putin pode estar tentando mudar o rumo dos acontecimentos em Grozni.


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