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MISSÃO NO CARIBE
Membros da missão da ONU falam de suicídio do general Urano Bacellar, que assumiu comando em 31 de agosto
General brasileiro é achado morto no Haiti
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O general brasileiro Urano Teixeira da Matta Bacellar, que comandava as forças de paz das Nações Unidas no Haiti, foi encontrado morto ontem pela manhã.
Segundo informação da agência
France Presse, que afirmou ter tido acesso a documento interno da
missão da ONU, ele aparentemente cometeu suicídio, na varanda do apartamento que ocupava no hotel Montana, em Porto
Príncipe, capital haitiana.
O informe, que teria sido feito
por militares filipinos responsáveis pela segurança de Bacellar,
afirma que ele morreu "de um tiro
aparentemente autoinfligido". A
arma de fogo foi encontrada ao lado de seu corpo, vestido com
shorts e camiseta.
Horas mais tarde, o comando
do Exército em Brasília divulgou
nota na qual "lamenta profundamente" a morte do general.
No texto, o Exército não comenta as circunstâncias da morte do
militar. Apenas diz que a ONU,
por meio de seu setor policial, "está apurando as circunstâncias que
envolveram o fato". A nota ainda
afirma que o "Exército Brasileiro
está acompanhando o trabalho de
investigação policial".
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, se disse "comovido e entristecido" com a morte.
Já o embaixador brasileiro no
Haiti, Paulo Cordeiro de Andrade
Pinto, disse que "é devastador ver
um general tão bom e honrado
morto nessas circunstâncias".
Ontem pela manhã, ainda sem
saber a razão da morte, o Exército
comunicou o ocorrido aos familiares do general. Bacellar era natural de Bagé (RS) e tinha 58 anos.
No Exército, segundo a Folha
apurou, a possibilidade de suicídio é tratada com extrema cautela. Isso porque, segundo o jargão
militar, o general não apresentava
nenhum "sintoma" a esse respeito. Anteontem, por exemplo, jantou normalmente com a tropa
brasileira em Porto Príncipe.
Reproduzindo declaração do tenente-coronel Fernando da Cunha Matos, assessor de informações públicas da força brasileira
no Haiti, a Agência Brasil informou que o general foi vítima de
um "acidente com arma de fogo".
Segundo a brigada brasileira no
Haiti, a previsão é que o corpo de
Bacellar seja trasladado ao Brasil
amanhã, em avião da FAB.
Assumiu interinamente o comando militar da missão o general chileno Eduardo Aldunate
Herman, segundo informou o
Ministério da Defesa do Chile.
Conforme a Folha apurou, o
nome do comandante da Brigada
de Operações Especiais do Exército, general Marco Aurélio Costa
Vieira, aparecia ontem como um
dos cotados para substituir Bacellar. Fluente em espanhol, inglês e
francês, Vieira foi adido militar
em Madri. O nome precisa ser
chancelado pela ONU.
Missão
Desde 2004, o Brasil detém o comando militar das forças conhecidas pela sigla Minustah (Missão
de Estabilização da ONU no Haiti), cujo chefe diplomático é o chileno Juan Gabriel Valdés.
A missão enfrenta graves percalços no país, onde a insegurança
e problemas de infra-estrutura já
adiaram as eleições presidenciais
por quatro vezes.
Em novembro último o general
Bacellar passou por momentos
difíceis, quando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
da OEA (Organização dos Estados Americanos) acusou as forças
da ONU de suposta omissão em
chacinas ocorridas no país.
Em entrevista à Folha em setembro, pouco mais de um mês
após ter assumido o comando da
missão, o general Bacellar afirmou ter encontrado no país uma
situação "calma e controlada".
Contido, mas transparecendo
otimismo, ele afirmou estar sofrendo pressões por parte de autoridades haitianas para que implementasse uma ação militar
mais ofensiva para conter a violência. Exaltou-se apenas ao comentar as denúncias de mortes de
civis, lamentando que essas mortes fossem "danos colaterais" da
atuação da força de paz.
Com agências internacionais
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