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Abin monitora militares brasileiros recrutados para trabalhar no Iraque
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Abin (Agência Brasileira de
Inteligência) informou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
que militares brasileiros da reserva estavam sendo recrutados para
trabalhar no Iraque como seguranças de tropas americanas. Os
relatórios foram entregues no final do ano passado. Lula determinou que o assunto fosse acompanhado de perto.
A informação de que militares
brasileiros da reserva estão aceitando o trabalho no país ocupado
foi divulgada anteontem pelo jornal "O Globo". Segundo o diário,
cerca de 500 brasileiros já teriam
topado a empreitada, atraídos por
salários de US$ 6.500 a US$ 8.000
mensais (R$ 17 mil a R$ 21 mil).
O recrutamento seria feito por
dois alemães - Frank Guenter
Salewski e Heiko Helmut Emil
Seibold-, que representariam
em Goiânia (GO) e São Paulo a
empresa americana Inveco Internacional Corporation.
Os dois, que não foram localizados ontem pela Folha, vêm sendo
monitorados pela Abin desde o
ano passado.
Os brasileiros teriam a função
de sentinelas em acampamentos
americanos no Iraque. Desde que
venceram a guerra contra Saddam Hussein, os EUA mantêm
150 mil soldados no país.
Há vários casos de empresas
norte-americanas que enviam
guarda-costas e seguranças ao
país para acompanhar empresários e políticos temerosos de atentados terroristas e seqüestros praticados quase diariamente.
A cúpula do Ministério Público
do Trabalho se reúne amanhã à
tarde para avaliar se há alguma
maneira de proteger brasileiros
que estariam sendo recrutados.
Será um exercício de interpretação jurídica, uma vez que os contratos e a prestação de serviço não
ocorrem no Brasil.
Segundo o procurador regional
do Trabalho da 10ª Região, que
atende Brasília e Tocantins, Ronaldo Curado Fleury, será preciso
um exercício exegético -interpretação minuciosa- da Constituição, leis nacionais e tratados
internacionais ratificados pelo
Brasil para descobrir uma forma
de proteger os brasileiros recrutados. "É um caso muito delicado. A
Constituição garante a dignidade
da pessoa humana, do trabalho. A
interpretação disso é mole, é fácil?
Não", disse o procurador.
Segundo Fleury, o principal objetivo do Ministério Público do
Trabalho é assegurar um mínimo
de garantias aos recrutados e suas
famílias. "Aparentemente, não
vejo ilegalidade no recrutamento.
Temos casos semelhantes de pessoas selecionadas no Brasil para
trabalhar lá fora. Mas precisa dar
um mínimo de segurança para o
trabalhador que vai e à família
aqui", assinalou.
Convite de trabalho
O empresário Robinson do Prado, proprietário da Bodyguard
Advanced Training, empresa de
treinamento de segurança localizada em Osasco, na Grande São
Paulo, disse que Frank Guenter
Salewski lhe contou que havia sido convidado por Heiko Helmut
Emil Seibold, um amigo alemão
que mora em Goiânia, para trabalhar no Iraque.
"Ele recebeu um convite para
atuar como guarda-costas e comentou com as pessoas", afirmou
Prado, que nega qualquer envolvimento de sua empresa com o
recrutamento de militares para
trabalhar no Iraque. Salewski trabalha como "free-lancer" para a
empresa de Prado.
"Ele dá cursos práticos de direção defensiva; o que ele faz particularmente eu não sei." Os dois se
conheceram, segundo o empresário brasileiro, há cerca de cinco
anos. Ambos são membros da Ialefi (International Association
Law Enforcement Firearms Instructors). "Ele é um bobo nesta
história; tenho até dó dele", disse
o empresário, que não soube afirmar se Salewski aceitou ou não a
oferta de trabalho como guarda-costas no Iraque.
Colaborou a Reportagem Local
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