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REINO UNIDO
Imigrantes africanos em hospital móvel após serem resgatados pela Guarda Costeira, em Las Palmas de Gran Canária, na Espanha
Só qualificado será aceito Blair quer endurecer política de imigração
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro britânico,
Tony Blair, apresentou ontem um
plano de reformulação das leis de
imigração e asilo político do Reino Unido. Segundo o projeto, somente trabalhadores qualificados
fluentes em inglês poderão permanecer no país definitivamente.
A imprensa e políticos de oposição criticaram o plano como uma
medida eleitoreira, que visa angariar, nas eleições de maio, a simpatia de um eleitorado cada vez
mais avesso à tradicional tolerância britânica no acolhimento a estrangeiros, segundo mostram
pesquisas de opinião.
"Nós estamos fortalecendo os
controles para assegurar que só
entrem neste país as pessoas que
vêm legitimamente e precisam
trabalhar; os demais nós não deixaremos entrar", afirmou Blair
em entrevista à TV.
Segundo o ministro do Interior,
Charles Clarke, "só devem entrar
os imigrantes com talentos e habilidades que beneficiam o país, e
não os que tentam abusar de nossa hospitalidade".
Pelo plano, que deve ser implementado ao longo dos próximos
cinco anos, apenas imigrantes
qualificados poderão ficar definitivamente no país, após passarem
em testes de proficiência em língua inglesa e de conhecimentos
gerais sobre o Reino Unido.
Médicos, engenheiros e especialistas em tecnologia da informação poderão entrar no país mesmo sem oferta de emprego assegurada. Os demais trabalhadores
qualificados, incluindo professores, só serão admitidos caso haja
um posto de trabalho garantido.
Empregados não-qualificados
que não sejam da Europa ocidental só serão aceitos caso tenham
emprego assegurado e se comprometam a deixar o país após o
vencimento do contrato de trabalho. A nova lei não se aplica a cidadãos da União Européia.
Além disso, serão estabelecidos
limites para o número de dependentes que cada imigrante poderá
trazer consigo.
Também ocorrerão mudanças
na política de acolhimento de refugiados políticos. Os exilados
não receberão mais um visto definitivo de permanência. O governo poderá mandá-los de volta a
seus países depois de cinco anos,
caso considere seguro fazê-lo.
O Conselho Unido de Imigração, uma ONG britânica de defesa
de imigrantes e refugiados, considerou o projeto "retrógrado". "É
uma resposta extremamente reacionária a preocupações do eleitorado. Os políticos estão apenas
caçando votos", afirmou Rhian
Beynon, porta-voz da entidade.
O Partido Conservador, que há
duas semanas propôs o estabelecimento de cotas anuais para a
entrada de imigrantes e exilados
no Reino Unido, disse que Blair
adotou medidas semelhantes às
deles porque "está em pânico"
após pesquisas de opinião terem
mostrado o apoio de parte considerável da população ao endurecimento da política de imigração.
Ainda segundo pesquisas, Blair
deve ser reeleito em maio para seu
terceiro mandato, mas o apoio
dos eleitores à política imigratória
dos conservadores poderia reduzir a maioria parlamentar de que
dispõe seu partido hoje.
Segundo o governo, cerca de
150 mil pessoas por ano entram
no Reino Unido com visto de trabalho, e cerca de 50 mil buscaram
asilo no país em 2003. Não há informações sobre o número aproximado de imigrantes ilegais.
Com o "Independent" e agências internacionais
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