São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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REINO UNIDO

Imigrantes africanos em hospital móvel após serem resgatados pela Guarda Costeira, em Las Palmas de Gran Canária, na Espanha

Só qualificado será aceito Blair quer endurecer política de imigração

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, apresentou ontem um plano de reformulação das leis de imigração e asilo político do Reino Unido. Segundo o projeto, somente trabalhadores qualificados fluentes em inglês poderão permanecer no país definitivamente.
A imprensa e políticos de oposição criticaram o plano como uma medida eleitoreira, que visa angariar, nas eleições de maio, a simpatia de um eleitorado cada vez mais avesso à tradicional tolerância britânica no acolhimento a estrangeiros, segundo mostram pesquisas de opinião.
"Nós estamos fortalecendo os controles para assegurar que só entrem neste país as pessoas que vêm legitimamente e precisam trabalhar; os demais nós não deixaremos entrar", afirmou Blair em entrevista à TV.
Segundo o ministro do Interior, Charles Clarke, "só devem entrar os imigrantes com talentos e habilidades que beneficiam o país, e não os que tentam abusar de nossa hospitalidade".
Pelo plano, que deve ser implementado ao longo dos próximos cinco anos, apenas imigrantes qualificados poderão ficar definitivamente no país, após passarem em testes de proficiência em língua inglesa e de conhecimentos gerais sobre o Reino Unido.
Médicos, engenheiros e especialistas em tecnologia da informação poderão entrar no país mesmo sem oferta de emprego assegurada. Os demais trabalhadores qualificados, incluindo professores, só serão admitidos caso haja um posto de trabalho garantido.
Empregados não-qualificados que não sejam da Europa ocidental só serão aceitos caso tenham emprego assegurado e se comprometam a deixar o país após o vencimento do contrato de trabalho. A nova lei não se aplica a cidadãos da União Européia.
Além disso, serão estabelecidos limites para o número de dependentes que cada imigrante poderá trazer consigo.
Também ocorrerão mudanças na política de acolhimento de refugiados políticos. Os exilados não receberão mais um visto definitivo de permanência. O governo poderá mandá-los de volta a seus países depois de cinco anos, caso considere seguro fazê-lo.
O Conselho Unido de Imigração, uma ONG britânica de defesa de imigrantes e refugiados, considerou o projeto "retrógrado". "É uma resposta extremamente reacionária a preocupações do eleitorado. Os políticos estão apenas caçando votos", afirmou Rhian Beynon, porta-voz da entidade.
O Partido Conservador, que há duas semanas propôs o estabelecimento de cotas anuais para a entrada de imigrantes e exilados no Reino Unido, disse que Blair adotou medidas semelhantes às deles porque "está em pânico" após pesquisas de opinião terem mostrado o apoio de parte considerável da população ao endurecimento da política de imigração.
Ainda segundo pesquisas, Blair deve ser reeleito em maio para seu terceiro mandato, mas o apoio dos eleitores à política imigratória dos conservadores poderia reduzir a maioria parlamentar de que dispõe seu partido hoje.
Segundo o governo, cerca de 150 mil pessoas por ano entram no Reino Unido com visto de trabalho, e cerca de 50 mil buscaram asilo no país em 2003. Não há informações sobre o número aproximado de imigrantes ilegais.


Com o "Independent" e agências internacionais

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