São Paulo, segunda, 8 de fevereiro de 1999

Próximo Texto | Índice

FIM DE UMA ERA
Monarca jordaniano sobrevivia com a ajuda de aparelhos; novo rei diz que preservará "herança" do pai
Morre o rei Hussein; Abdullah assume

Reuters
Em Amã, jordanianos lamentam a morte do Rei Hussein


das agências internacionais

O rei Hussein, da Jordânia, foi declarado morto ontem. O monarca de 63 anos sofria de câncer linfático e sobrevivia desde sexta-feira com a ajuda de aparelhos. O enterro ocorrerá hoje à tarde.
Hussein bin Talal, seu nome completo, dirigiu a Jordânia por quase 47 anos e era o governante havia mais tempo no poder no mundo.
Considerado um grande mediador e aliado-chave do Ocidente no Oriente Médio, assinou em 1994 acordo de paz com Israel e tinha papel importante no processo de paz na região.
Segundo o governo jordaniano, a morte ocorreu às 11h43 (7h43 em Brasília). Fontes próximas à família disseram que a rainha Noor, mulher de Hussein, e outros membros da família real estavam ao lado do leito do rei no momento de sua morte. O governo declarou luto oficial de 40 dias.
Pouco depois do anúncio, Abdullah, filho mais velho de Hussein, prestou juramento como novo rei da Jordânia.
O novo rei, um militar sem experiência política, afirmou em pronunciamento em rede nacional de TV que manterá os rumos da política estabelecida por seu pai.
"Preservaremos a herança de Hussein edificando uma Jordânia forte", disse o rei Abdullah.
Abdullah foi indicado como herdeiro do trono em 25 de janeiro, quando Hussein retornou às pressas dos EUA, onde fazia tratamento contra o câncer, para alterar sua linha sucessória. Anteriormente, o herdeiro de Hussein era seu irmão Hassan.
O primeiro ato de Abdullah foi nomear como príncipe herdeiro seu meio-irmão Hamza, 18, filho favorito de Hussein.
Ao funeral de Hussein devem comparecer os principais líderes mundiais. Até a tarde de ontem, 30 chefes de Estado e governo haviam confirmado a ida ao funeral.
Estavam confirmadas as presenças do presidente dos EUA, Bill Clinton, do premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, do líder palestino Iasser Arafat, do presidente da França, Jacques Chirac, do chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schroeder, do premiê britânico, Tony Blair, e do príncipe Charles, entre outros.
O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, que tem estado afastado do Kremlin por problemas de saúde, manifestou a intenção de comparecer ao enterro.
Após o anúncio da morte, uma multidão de cerca de 2.000 pessoas se aglomerou, mesmo sob chuva, em frente ao hospital de Amã onde o rei morreu. Alguns carregavam bandeiras negras e retratos do rei.
Algumas pessoas choravam e outras rasgavam as próprias roupas. "É o dia mais triste de nossas vidas", afirmou um homem.
O cortejo fúnebre de Hussein deve sair do palácio Bab al Salam, nos arredores de Amã, às 12h de hoje (8h em Brasília).
O caixão vai percorrer 20 quilômetros pela capital jordaniana e será enterrado no cemitério da família real.



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.