São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


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Economia desperta eleitores

DAVID FIRESTONE
do "The New York Times", em Covington

Os antigos algodoais do condado de Newton hoje são ocupados por fábricas novas e automatizadas que produzem um fluxo interminável de cereal Honey Nut Cheerios e lâminas de poliéster. E, com cada caminhão carregado que deixa a cidade, a economia local transformada produz o que se poderia chamar de o oposto da complacência: um engajamento com o mundo da prosperidade e da política que supera as expectativas dos próprios planejadores desse crescimento.
No centro-norte da Geórgia, Newton e os condados vizinhos praticamente reverberam com o sucesso econômico que envolveu a região, antigamente rural. Com desemprego abaixo de 3%, boas ofertas de emprego se acumulam nos classificados dos jornais locais.
Hoje a política nacional já não parece ser um tema tão alheio à população. Pessoas dotadas de planos de saúde e previdência privada comentam a corrida presidencial como se fossem acionistas discutindo o conselho de direção de sua empresa, dissecando os candidatos e suas vidas.
"Tenho ouvido os discursos de Bush, e parece que ele está se fortalecendo por ser obrigado a entender o que McCain tem a dizer", comentou o construtor Dan Corder, no restaurante Smiley.
Crystal Butler, que trabalha na rede de mercearias Bell's, está satisfeita com o crescimento do condado e com o fato de muitos de seus amigos não mais estarem desempregados. Ela pretendia agradecer ao vice-presidente Al Gore com seu voto ontem. "Gosto do jeito como ele diz às pessoas o que pretende fazer com a educação e a economia", comentou.
Se as campanhas eleitorais anteriores foram vistas por aqui como uma sucessão de manchetes confusas e reivindicações iradas, a deste ano mais lembra um livro interessante, mas cuja trama se desenrola tranquilamente.
Interpretada por um grupo de personagens muito distintos, a trama gira em torno da prosperidade nacional, e a população do condado de Newton está profundamente interessada em seu desenlace.
Agora que começaram a sentir o gostinho da boa vida, muitos dos 59 mil habitantes do condado querem saber exatamente o que cada candidato se propõe a fazer para garantir que ela continue.
Querem saber detalhes dos programas dos candidatos para a economia e a educação.
Os empregados da coreana SKC, que produz filmes plásticos de alta qualidade, da fábrica da Michelin ou da fábrica de freios da Nisshinbo Automotive estão muito mais interessados em política comercial do que estavam alguns anos atrás.
"A expansão econômica do condado ampliou muito os horizontes das pessoas, coisa que, acredito, ninguém previa", afirma Samuel B. Hay, executivo-chefe de um dos maiores bancos de Covington.
"Agora temos um contingente asiático considerável aqui, uma fábrica francesa de vidros e pessoas chegando de todo o mundo. Podem ocorrer atritos políticos, mas, de modo geral, isso vem sendo bom para a comunidade."


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