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Reino Unido aprova extinção dos lordes
Câmara dos Comuns autoriza reforma total da Câmara Alta, que passará a ser composta por parlamentares eleitos
Fim da Câmara dos Lordes também inclui eliminação de mandatos vitalícios; proposta aprovada ainda precisa virar projeto de lei
DA REDAÇÃO
Parlamentares do Reino Unido deram ontem um importante e histórico passo na eliminação de um resquício medieval
do Poder Legislativo do país.
Os membros da Câmara dos
Comuns votaram por reformar
a Câmara dos Lordes, conhecida também como Câmara Alta,
eliminando o sistema de indicação e hereditariedade e fazendo dela uma Câmara formada por membros eleitos.
Atualmente a Câmara dos
Lordes é constituída por 746
parlamentares, todos indicados, à exceção de 92, que ganharam a cadeira por direito
hereditário, já que são descendentes de nobres.
A reforma aprovada ontem
pelos Comuns propõe uma redução do número de parlamentares na Câmara dos Lordes
-para 540-, todos eleitos, à
exceção de 26, indicados por
autoridades eclesiásticas, e o
fim da obtenção de cadeiras por
direito hereditário.
Outra mudança contemplada pela escolha da proposta do
líder dos Comuns, o trabalhista
Jack Straw, é que os membros
da nova Câmara, em vez de terem mandatos vitalícios, fiquem no posto por 15 anos.
A proposta da renovação foi
escolhida entre várias outras
também votadas, mas rejeitadas. Entre as não aceitas estavam reformas parciais da Câmara -com 20% a 80% de
membros eleitos apenas.
O resultado da votação de ontem não significa, porém, que o
funcionamento da Câmara dos
Lordes será alterado a partir de
hoje. A reforma terá de ser
transformada em projeto de lei,
o qual será submetido às duas
Câmaras do Parlamento, onde
poderá ser alterado por meio de
emendas e então irá a uma votação final, como lei. Além disso, os lordes não serão postos
para fora da Casa uma vez que a
proposta se converta em lei; a
alteração será gradual.
Sete séculos
A Câmara dos Lordes do Reino Unido, que nasceu há cerca
de 700 anos, é menos poderosa
do que a Câmara dos Comuns
-essa com todos os seus membros eleitos. Os lordes não têm
entre suas atribuições, por
exemplo, a de propor leis; mas
podem elaborar emendas e retardar a aprovação de leis que
vêm dos Comuns -o que, muito provavelmente, será o caso
dessa reforma.
A Câmara dos Lordes escolhe
seus membros não-hereditários entre listas de ex-políticos
e de indicações feitas pelos partidos.
Uma questão levantada no
debate sobre a reforma, e que
permanece para discussão dos
parlamentares britânicos, é como justificar as diferenças de
atribuições entre as duas Câmaras, sem que a reformada se
torne uma extensão desnecessária da dos Comuns.
A proposta aprovada ontem
não aponta um caminho específico para a diferenciação das
Câmaras, afirmando apenas
que os candidatos escolhidos
pelos partidos para concorrer
às cadeiras da nova Câmara
-que, como não será mais dos
lordes, terá um outro nome,
ainda não escolhido- devem
representar "a diversidade" da
sociedade britânica.
Com agências internacionais
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