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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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ATAQUE DO IMPÉRIO

CAPITAL INVADIDA

Com pouca resistência, EUA tomam palácios; "alvo de liderança" é bombardeado

EUA se instalam em Bagdá e fazem ataque visando Saddam

Jack Gruber/Associated Press
VISÃO PRIVILEGIADA De janela de um palácio de Saddam em Bagdá, soldado americano faz sinal da vitória para tanque dos EUA, perto de ponte destruída; o local foi ocupado em operação ontem

DA REDAÇÃO

Tropas dos EUA invadiram a mais importante zona de Bagdá ontem e tomaram o controle de dois palácios, um dos quais o principal palácio presidencial de Saddam Hussein à margem do rio Tigre, na maior das três incursões por terra à capital iraquiana.
Por volta das 22h30 de ontem (5h30 em Bagdá), surgiu a informação de que os EUA haviam bombardeado um prédio numa área residencial da capital onde lideranças da alta cúpula do regime iraquiano, talvez até Saddam e seus filhos, estariam reunidos. O alvo teria sido atingido e destruído, mas não havia detalhes sobre quem teria morrido no ataque.
Militares dos EUA decidiram manter três batalhões no "coração da cidade", ao contrário do que ocorrera nas incursões de sábado e domingo, quando, terminada a ofensiva, os soldados americanos retornaram aos pontos de partida nos subúrbios da cidade.
"Os comandantes no campo de batalha vão decidir qual parte da cidade eles desejam manter sob controle", argumentou o general Vincent Brooks, porta-voz do comando militar dos EUA.
A incursão americana começou por volta das 7h locais, quando uma coluna de 65 tanques Abrams e 40 veículos de combate Bradley se deslocou a partir do sudeste rumo à área que concentra o complexo de palácios e edifícios administrativos. Tiveram a cobertura de aviões de ataque A-10 e de aeronaves de espionagem.
Os americanos tomaram o Palácio da República em uma "operação-relâmpago". Tropas dos EUA dispararam contra a entrada do palácio e, minutos depois, dois veículos militares deixaram 30 marines, que renderam cinco membros da Guarda Republicana. Ao menos 20 soldados iraquianos fugiram por túneis e reapareceram, só de cueca e camiseta, às margens do Tigre, relatou um enviado do jornal "El País".
Até a conclusão desta edição, tropas dos EUA continuavam no palácio. Na madrugada de hoje (hora local), explosões e tiros foram ouvidos na área do palácio, numa possível tentativa de reação das forças iraquianas.
Os norte-americanos chegaram a circundar o que resta do prédio do Ministério da Informação e alcançaram o hotel Al Rashid, famoso por abrigar jornalistas na Guerra do Golfo, em 1991. Nessa área, travaram combates com iraquianos. Segundo a France Presse, milicianos armados com lança-foguetes e antitanques tentaram bloquear o acesso ao hotel.
Porta-vozes do Pentágono disseram que a ação de ontem não poderia ser classificada como marco da "batalha" por Bagdá, mas (repetindo o discurso adotado desde sábado) uma mensagem "de que os americanos poderiam ir e vir quando quisessem".
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse crer que a vitória ainda demorará, porque "o país é muito grande". "Ainda há um trabalho perigoso e difícil pela frente", declarou, acrescentando que Saddam Hussein "já não controla muito do Iraque".
Militares americanos classificaram a resistência encontrada na incursão de ontem como "pequena". Mas um enviado da Reuters descreveu a região entre o hotel Al Rashid e o ministério como "terra de ninguém", devido aos disparos contra as tropas invasoras.
"Posso garantir a vocês que Bagdá é segura. Eles começaram a cometer suicídio dentro desses muros", disse o ministro da Informação do Iraque, Mohammed al Sahaf. "Não há presença de soldados americanos nesta cidade."
Em nova demonstração de seu poderio, durante a incursão os americanos destruíram uma enorme estátua de Saddam, montado em um cavalo, no parque Zawra, no centro de Bagdá.
Um míssil supostamente disparado pelos iraquianos atingiu um centro tático de operações dos EUA em subúrbio no sul de Bagdá, matando ao menos quatro pessoas, entre eles dois jornalistas. Outras 15 pessoas ficaram feridas, segundo a rede CNN.
A Cruz Vermelha Internacional voltou a dizer que a situação nos hospitais é desesperadora.

Com agências internacionais


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