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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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Cidades iraquianas sofrem onda de saques

VICTOR MALLET, NO KUAIT, E
CHARLES CLOVER, EM NAJAF
DO "FINANCIAL TIMES"

Os soldados americanos e britânicos ocupando o Iraque estão descobrindo como é difícil administrar um Estado policial sem ter uma força policial.
Ao mesmo tempo em que combatem para controlar Bagdá e Basra, as tropas lutam para conter a desordem e os saques nas cidades que deixam para trás.
Logo que a invasão começou, habitantes de Umm Qasr roubaram equipamentos do porto, incluindo materiais industriais de utilidade doméstica duvidosa, segundo comandantes britânicos.
Desde então, jornalistas relataram saques e roubos carros, móveis e outros itens em quase todas as cidades das regiões sul e central do Iraque.
Habitantes de Nassiriah reclamaram de que bandidos roubaram medicamentos do hospital. E, em um complexo de fábricas na periferia de Basra, ontem, moradores enfrentaram tiroteios entre blindados britânicos e milícias iraquianas para saquear prédios.
Militares britânicos dizem que permitiram saques a prédios ligados ao regime do ditador Saddam Hussein para marcar posição."Normalmente, impediríamos os saques, pois eles são um sinal de que as coisas estão fora de controle", disse um oficial britânico no Comando Central no Qatar, após o saque de um prédio do partido Baath perto de Basra. "Mas, nesse caso, decidimos que permitir o saque enviaria uma mensagem poderosa: a de que nós estamos no controle agora, e não o partido Baath."
Mas os saques não afetam apenas propriedades do Baath, e o caos está alimentando o ressentimento iraquiano em relação à invasão. Os iraquianos já estão irritados com as mortes de civis provocadas pelos bombardeios e as represálias de integrantes do partido de Saddam contra quem aceita os americanos e britânicos.
Comandantes americanos e britânicos admitem que subestimaram a profundidade até a qual o partido Baath permeava todos os níveis do governo. Eles esperavam usar ao menos parte dos funcionários públicos para administrar o Iraque, mas, agora, dizem que estão matando ou detendo até mesmo líderes locais.
Não surpreendentemente, forças policiais inteiras de cidades como Umm Qasr fugiram ou entraram na clandestinidade, fazendo com que qualquer iraquiano com um revólver tenha a chance de pilhar casas ou bloquear ruas.


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