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Cidades iraquianas sofrem onda de saques
VICTOR MALLET, NO KUAIT, E
CHARLES CLOVER, EM NAJAF
DO "FINANCIAL TIMES"
Os soldados americanos e britânicos ocupando o Iraque estão
descobrindo como é difícil administrar um Estado policial sem ter
uma força policial.
Ao mesmo tempo em que combatem para controlar Bagdá e
Basra, as tropas lutam para conter
a desordem e os saques nas cidades que deixam para trás.
Logo que a invasão começou,
habitantes de Umm Qasr roubaram equipamentos do porto, incluindo materiais industriais de
utilidade doméstica duvidosa, segundo comandantes britânicos.
Desde então, jornalistas relataram saques e roubos carros, móveis e outros itens em quase todas
as cidades das regiões sul e central
do Iraque.
Habitantes de Nassiriah reclamaram de que bandidos roubaram medicamentos do hospital.
E, em um complexo de fábricas na
periferia de Basra, ontem, moradores enfrentaram tiroteios entre
blindados britânicos e milícias
iraquianas para saquear prédios.
Militares britânicos dizem que
permitiram saques a prédios ligados ao regime do ditador Saddam
Hussein para marcar posição."Normalmente, impediríamos os saques, pois eles são um
sinal de que as coisas estão fora de
controle", disse um oficial britânico no Comando Central no Qatar,
após o saque de um prédio do
partido Baath perto de Basra.
"Mas, nesse caso, decidimos que
permitir o saque enviaria uma
mensagem poderosa: a de que
nós estamos no controle agora, e
não o partido Baath."
Mas os saques não afetam apenas propriedades do Baath, e o
caos está alimentando o ressentimento iraquiano em relação à invasão. Os iraquianos já estão irritados com as mortes de civis provocadas pelos bombardeios e as
represálias de integrantes do partido de Saddam contra quem
aceita os americanos e britânicos.
Comandantes americanos e britânicos admitem que subestimaram a profundidade até a qual o
partido Baath permeava todos os
níveis do governo. Eles esperavam usar ao menos parte dos funcionários públicos para administrar o Iraque, mas, agora, dizem
que estão matando ou detendo
até mesmo líderes locais.
Não surpreendentemente, forças policiais inteiras de cidades
como Umm Qasr fugiram ou entraram na clandestinidade, fazendo com que qualquer iraquiano
com um revólver tenha a chance
de pilhar casas ou bloquear ruas.
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