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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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AMÉRICA LATINA

REPRESSÃO

Para críticos, governo quer aproveitar período de guerra no Iraque para não atrair atenção internacional

Cuba condena dezenas de dissidentes a até 27 anos

DA FRANCE PRESSE

Tribunais cubanos emitiram ontem diversas sentenças de até 27 anos de prisão contra dezenas de dissidentes detidos no último mês em Cuba, acusados de atentar contra a segurança do Estado e colaborar com os EUA.
As penas contra ao menos 33 opositores ao regime do ditador Fidel Castro, dentre 79 detidos em uma das piores ondas repressivas contra dissidentes na ilha, variam de 10 a 27 anos de prisão, segundo parentes dos condenados.
"Vamos apelar contra essas sentenças. Temos 72 horas para fazê-lo, segundo a lei", disse Gisela Delgado, a mulher de Héctor Palacios, 62, sentenciado a 25 anos de prisão -a Promotoria queria prisão perpétua.
Entre os condenados, está também o poeta e representante da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) em Cuba, Raúl Rivero, cuja sentença foi de 20 anos.
"Raúl tem 57 anos e problemas de saúde. Essa condenação equivale a uma prisão perpétua", afirmou sua mulher, Blanca Reyes.
A única mulher julgada, Marta Beatriz Roque, 57, uma economista que dirige a Assembléia para Promover a Sociedade Civil e que havia sido libertada em 2000 após cumprir três anos de detenção, foi condenada a 20 anos de prisão -também no caso dela, a Promotoria pedira perpétua.
Roque foi a organizadora em fevereiro de um ato em sua casa que contou com a presença do diplomata americano James Cason.
A emissão das sentenças ontem surpreendeu os acusados, que, apesar de terem sido submetidos ao que chamaram de "juízos sumaríssimos" desde quinta passada, não esperavam um veredicto antes da próxima terça-feira.
Elizardo Sánchez Santa Cruz, diretor da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, que opera de forma ilegal na ilha, afirmou que a velocidade para concluir os julgamentos tem causas políticas. Segundo ele, o governo tem uma "pressa enorme" para que tudo termine antes do fim da guerra contra o Iraque para reduzir o impacto internacional da onda repressiva.
A detenção e o julgamento dos opositores foram condenados pelos EUA e pela União Européia, por entidades como SIP, Human Rights Watch e Anistia Internacional e pelo ex-presidente americano Jimmy Carter, Prêmio Nobel da Paz de 2002.


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