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AMÉRICA LATINA
REPRESSÃO
Para críticos, governo quer aproveitar período de guerra no Iraque para não atrair atenção internacional
Cuba condena dezenas de dissidentes a até 27 anos
DA FRANCE PRESSE
Tribunais cubanos emitiram
ontem diversas sentenças de até
27 anos de prisão contra dezenas
de dissidentes detidos no último
mês em Cuba, acusados de atentar contra a segurança do Estado e
colaborar com os EUA.
As penas contra ao menos 33
opositores ao regime do ditador
Fidel Castro, dentre 79 detidos em
uma das piores ondas repressivas
contra dissidentes na ilha, variam
de 10 a 27 anos de prisão, segundo
parentes dos condenados.
"Vamos apelar contra essas sentenças. Temos 72 horas para fazê-lo, segundo a lei", disse Gisela
Delgado, a mulher de Héctor Palacios, 62, sentenciado a 25 anos
de prisão -a Promotoria queria
prisão perpétua.
Entre os condenados, está também o poeta e representante da
Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) em Cuba, Raúl Rivero, cuja sentença foi de 20 anos.
"Raúl tem 57 anos e problemas
de saúde. Essa condenação equivale a uma prisão perpétua", afirmou sua mulher, Blanca Reyes.
A única mulher julgada, Marta
Beatriz Roque, 57, uma economista que dirige a Assembléia para Promover a Sociedade Civil e
que havia sido libertada em 2000
após cumprir três anos de detenção, foi condenada a 20 anos de
prisão -também no caso dela, a
Promotoria pedira perpétua.
Roque foi a organizadora em fevereiro de um ato em sua casa que
contou com a presença do diplomata americano James Cason.
A emissão das sentenças ontem
surpreendeu os acusados, que,
apesar de terem sido submetidos
ao que chamaram de "juízos sumaríssimos" desde quinta passada, não esperavam um veredicto
antes da próxima terça-feira.
Elizardo Sánchez Santa Cruz,
diretor da Comissão Cubana de
Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, que opera de forma
ilegal na ilha, afirmou que a velocidade para concluir os julgamentos tem causas políticas. Segundo
ele, o governo tem uma "pressa
enorme" para que tudo termine
antes do fim da guerra contra o
Iraque para reduzir o impacto internacional da onda repressiva.
A detenção e o julgamento dos
opositores foram condenados pelos EUA e pela União Européia,
por entidades como SIP, Human
Rights Watch e Anistia Internacional e pelo ex-presidente americano Jimmy Carter, Prêmio Nobel
da Paz de 2002.
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