São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2005

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China boicota homenagem ao papa

DA REDAÇÃO

O governo chinês afirmou ontem que não enviará nenhum representante ao funeral do papa João Paulo 2º porque o Vaticano mantém relações diplomáticas com Taiwan. Pequim considera a ilha uma Província rebelde.
"Nas atuais circunstâncias, a China não enviará uma delegação", disse Qin Gang, porta-voz da Chancelaria chinesa. A China rejeita estabelecer contatos com países que reconhecem Taiwan como um Estado. O Vaticano é o único país da Europa que tem relações diplomáticas com Taiwan e não com a China.
Pequim afirmou nesta semana que somente estudaria o estabelecimento de relações com o Vaticano se o Estado católico rompesse com Taiwan, além de parar de interferir em assuntos internos da China.
As relações entre o Vaticano e a China foram rompidas pelo regime comunista em 1951. Uma igreja católica controlada pelo Estado foi criada na China. O papa é reconhecido como líder espiritual, mas os bispos são nomeados pela própria igreja. Católicos independentes são perseguidos.
O porta-voz da Chancelaria chinesa também criticou o governo italiano por conceder visto ao presidente de Taiwan, Chen Shui-bian, para participar do funeral no Vaticano.
"Nós esperamos que o Vaticano dê passos concretos para melhorar as relações com a China, em vez de criar novas barreiras", afirmou. Os chineses temem que Chen use a viagem para a Itália para fazer propaganda para a independência da ilha.
Apenas a China decidiu tomar uma decisão drástica para não se reunir com o inimigo. O funeral de João Paulo 2º deixará próximos antigos adversários. O presidente dos EUA, George W. Bush, estará a apenas alguns metros do presidente do Irã, Mohammed al Khatami.
Os EUA classificam o Irã como um dos países do "eixo do mal", e os iranianos chamam o governo americano de "grande satã". Khatami, porém, é uma das figuras mais moderadas em seu país.
O presidente de Israel, Moshe Katsav, ficará perto do ditador sírio, Bashar al Assad. Sírios e israelenses são inimigos desde a criação de Israel. As colinas do Golã, que pertencem à Síria, são ocupadas pelos israelenses.
Um líder cuja presença causou enorme polêmica é o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe. Pária da comunidade internacional, Mugabe é proibido de viajar à Europa por desrespeitar os direitos humanos em seu país.
Porém foi aberta uma exceção para o líder africano participar no funeral de João Paulo 2º. Ele desembarcou ontem no país. O visto de Mugabe tem data de validade e sua circulação é restrita a Roma e o local do funeral, no Vaticano.
Para evitar constrangimentos, o cerimonial do Vaticano estava estudando uma forma ontem de não deixar líderes inimigos em lugares próximos no funeral.


Com agências internacionais


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