São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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Eleito confina presidente e afirma que já governa país

Impasse político paralisa a Costa do Marfim desde o pleito de novembro

Gbagbo rejeita derrota e está entrincheirado em residência presidencial, mas vitória de Ouattara é reconhecida pela ONU

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, disse ontem na TV estatal ter bloqueado o atual mandatário, Laurent Gbagbo, na residência oficial e prometeu começar a governar imediatamente o país.
Segundo ele, a "normalidade" no Estado do oeste da África, paralisado há quatro meses em razão da crise política, vai ser restabelecida.
Gbagbo não reconhece a derrota para o rival no pleito de novembro, chancelado pelas Nações Unidas. Ontem à noite, seu aliado Toussaint Alain, diplomata baseado em Paris, disse ter falado com o mandatário e afirmou que ele não vai se render.
Junto da família, Gbagbo está fechado num bunker na residência oficial, em Abidjã (maior cidade do país), protegido por soldados fortemente armados. No entorno, há forças ligadas a Ouattara, que tentaram invadir o local anteontem para prender o rival, mas foram repelidas.
Em pronunciamento aos marfinenses, Ouattara disse que o conflito provocado pelo impasse perderá força a partir de hoje e agradeceu aos aliados internacionais pelo que chamou de "restauração da democracia".
Pediu ainda à União Europeia que revogue sanções impostas aos principais portos do país, altamente dependente do setor agrícola, sobretudo de cacau -é o maior produtor mundial- e café.
O presidente eleito exortou os cidadãos, por fim, a não participar de atos violentos que alimentem a crise e afirmou que "os autores desses crimes serão punidos".
Com o discurso, Ouattara tentou na prática reivindicar o controle das atribuições de governo, apesar de Gbagbo ter descartado por diversas vezes renunciar ao cargo.

CERCO AO PRESIDENTE
Ontem, a residência oficial foi cercada por soldados da missão de paz da ONU na Costa do Marfim, em tentativa de isolar o grupo de governistas leais ao presidente.
Segundo a França, Gbagbo conta ainda com apenas mil partidários -200 deles na residência presidencial.
Na última segunda, helicópteros da ONU já haviam tomado parte no conflito ao bombardear quatro alvos do mandatário a pretexto de defender os civis de ataques.
A iniciativa recebeu críticas de países como Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, que discordam da tomada de partido em meio ao conflito.
Anteontem, forças francesas voltaram a alvejar veículos militares de forças leais a Gbagbo em operação de resgate do embaixador japonês.
O embaixador marfinense na ONU, Youssouf Bamba, disse que o atual presidente "cedo ou tarde será preso e apresentado à Justiça". "Não daremos a Gbagbo o luxo de se tornar mártir", afirmou.


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