São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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ONDA DE REVOLTAS

Síria dá cidadania a curdos para tentar conter protestos

Tratada como estrangeira no país, a minoria étnica perfaz menos de 10% da população; medida não basta, diz ativista

Ditadura também tenta agradar a muçulmanos conservadores; líder religioso pró-reformas foi preso, diz oposição

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em mais uma tentativa de esfriar a onda de manifestações contra seu regime, o ditador da Síria, Bashar Assad, no poder desde 2000, decidiu conceder cidadania síria à minoria curda, que perfaz menos de 10% de uma população de 22,5 milhões e se concentra no leste do país.
Tratados como estrangeiros na Síria, os curdos, grupo étnico não árabe, estão proibidos de fazer transmissões de rádio em seu idioma e de lecioná-lo nas escolas. Em 2004, protestos da minoria contra a ditadura haviam sido reprimidos com violência.
A medida foi divulgada 24 horas após o anúncio de que o governo soltaria 48 prisioneiros de origem curda detidos no ano passado. No início da semana, Assad também se encontrara com líderes da região de al Hasaka, onde muitos curdos vivem.
Um dos líderes da minoria, Habib Ibrahim, afirmou que os curdos continuariam participando dos atos por direitos civis e pelo fim da ditadura, que eclodiram na Síria há cerca de três semanas e já deixaram mais de 70 mortos.
"Nossa causa é democracia para toda a Síria. Cidadania é direito de todos os sírios, não é favor", disse em entrevista à agência Reuters.

PRISÃO DE XEQUE
Segundo a TV estatal síria, Assad também substituiu o governador da província de Homs, onde manifestantes foram mortos na sexta passada. O governo atribui as mortes a "grupos armados", mas oposicionistas afirmam que forças de segurança da ditadura atiraram na multidão.
Na semana passada, o ditador sírio já havia demitido o governador de Daraa, no sul do país, onde os primeiros protestos irromperam.
Ativistas de direitos humanos afirmaram que o regime também prendeu o xeque Imad Rasheed, líder religioso que apoiou os atos pró-democracia, quando ele entrava na Síria vindo da Jordânia.
Antes da suposta prisão, Rasheed havia contestado declarações de Assad, que atribuíra os protestos à demanda por melhor qualidade de vida. "O povo sírio não saiu às ruas para pedir pão, e sim liberdade", declarou.
País de larga maioria muçulmana sunita, a Síria é governada por alauítas (ramo dos xiitas), o que gera ressentimentos de caráter religioso.
Anteontem, a ditadura revogou medida que impedia professoras de usarem o véu islâmico nas escolas e fechou o único cassino do país. As decisões foram vistas como um gesto para apaziguar os conservadores muçulmanos.


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